Homens e mulheres que fazem uso de aplicativos como Tinder ou sites de relacionamentos têm mais baixa autoestima do que pessoas que não participam destas comunidades, é o que indica estudo publicado no American Psychological Association.
Segundo Jessica Strübel, autora da pesquisa, os usuários relataram menos satisfação com o próprio corpo e aparência. “Como resultado de como o aplicativo funciona e o que ele exige de seus usuários, as pessoas que estão no Tinder depois de um tempo podem começar a se sentir despersonalizadas e descartáveis em suas interações sociais, desenvolvem maior consciência [e crítica] de sua aparência e corpo”, explicou ela no relatório.
Aumento do namoro online
O número de pessoas que estão usando aplicativos de namoro tem aumentado nos últimos anos. Os aplicativos de encontros Tinder, Bumble, Match, Plenty Of Fish e Zoosk estão entre os 50 apps sociais de maior bilheteria da Apple Store.
O Match.com, site de encontros disponível para diversos países, já tem mais de 7 milhões de assinantes pagos, um aumento de 3,4 milhões desde 2014. Além disso, lançou uma pesquisa para descobrir as tendências de namoro de seus usuários. Os resultados revelaram que 15% dos solteiros (1 em cada 6) admitiram estar viciados no processo de procurar encontros online.
Outro dado mostrou que existe entre os usuários vício pela procura do namoro via internet: Millennials têm 125% mais propensão a se sentirem viciados em namoro; os homens atingem os 97% se comparado às mulheres. Enquanto isso, 54% delas afirmaram estarem esgotadas pelo processo de procura por parceiro.
Já o Tinder registra diariamente 1,6 bilhão de visualizações nos perfis de seus usuários, o que leva a 1,5 milhão de encontros por semana – uma média de um ou dois por usuário. De acordo com estudo publicado pela Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, a cultura de conexão do Tinder não é mais a mesma; agora as pessoas utilizam o aplicativo para conseguir relações sexuais de curta duração, o que indica uma queda na busca por relacionamentos sérios.
A dor da rejeição
A grande maioria das pessoas já saiu com alguém e achou que o encontro foi muito bom, mas ao tentar entrar em contato com a pessoa novamente, não há qualquer retorno. Essa rejeição pode acontecer ainda mais fácil e mais rápido online.
De acordo com a CNN, um estudo de 2011 publicado na revista Proceedings of National Academy of Sciences revelou que a rejeição estimula a mesma parte do cérebro que processa a dor física. Isso porque o cérebro não é capaz de distinguir a diferença entre um coração partido e um osso quebrado. “A rejeição social e a dor física são semelhantes não apenas pelo fato de serem angustiantes, mas compartilham uma representação comum em sistemas cerebrais somatossensoriais também”, contaram os pesquisadores.
Em 2016, a Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, realizou um estudo que relacionou o vício em tecnologia à ansiedade e à depressão. Os pesquisadores entrevistaram 300 estudantes universitários em relação a saúde mental e o uso de telefone celular e internet, além das motivações para a utilização de dispositivos eletrônicos. “As pessoas que se descreveram como tendo comportamentos realmente viciantes em relação à internet e celulares tiveram uma pontuação muito maior nas escalas de depressão e ansiedade”, disse Alejandro Lleras, principal autor da pesquisa.