Um estudo brasileiro, publicado na edição na revista científica Emerging Infectius Diseases e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, levanta a possibilidade de trabalhadores de saúde estarem sendo infectados pelo vírus monkeypox, ou varíola dos macacos, por meio de contato com superfícies contaminadas.
O artigo reporta o caso de duas enfermeiras que desenvolveram a doença, cinco dias após atender um paciente em casa para coleta de material e diagnóstico de monkeypox. O texto também enumera detalhadamente a importância dos cuidados adotados para esse tipo de atendimento. No caso descrito, elas utilizaram todo equipamento de proteção – exceto as luvas – enquanto estavam no período inicial de entrevista, no quarto do paciente, adicionando o item apenas no momento da coleta, quando esterilizarem as mãos.
Conduzido pelo pesquisador da Fiocruz Pernambuco, Gabriel Wallau, ao lado do especialista em saúde do Cevs Richard Steiner Salvato, o estudo concluiu que as enfermeiras podem ter se contaminado pelo contato com superfícies infectadas na casa do paciente, que se encontrava no pico de transmissão viral. Ou ainda, ao manusear a caixa de transporte das amostras, de início com as luvas (infectadas) e posteriormente sem luvas.
“Trazer à luz esse evento de transmissão por meio de superfície é importante para aprimorar as recomendações públicas voltadas para a proteção tanto dos profissionais de saúde que lidam diretamente com esses pacientes, como dos familiares e outras pessoas envolvidas nesse cuidado”, explica Wallau, atestando que esse estudo pode ser utilizado como referência para a adoção de melhores práticas ao lidar com pacientes infectados com monkeypox.
Segundo os autores da pesquisa, são recomendadas medidas de prevenção e bloqueio dessa rota de transmissão, que envolvem treinamento específico para a coleta, implementação de medidas de controle, higienização frequente das mãos e utilização correta de EPIs. Já as luvas devem ser usadas durante todo o período de visita a pacientes, contato com pessoas suspeitas de estarem infectadas e com seu ambiente ou objetos de uso pessoal. E as superfícies devem ser higienizadas com desinfetante, antes e depois da interação com casos suspeitos.
Os pesquisadores também reforçam a importância da vacinação para os grupos de alto risco, incluindo os profissionais de saúde que atuam na linha de frente dessa doença.
Além da Fiocruz Pernambuco e do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Sul (Cevs/SES-RS), o Bernhard Nocht Institute for Tropical Medicine – National Reference Center for Tropical Infectious Diseases, de Hamburgo (Alemanha), também participaram da pesquisa.