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Ministério da Saúde esclarece reações adversas após vacina da dengue

Nota técnica apontou eventos alérgicos, como hipersensibilidade e anafilaxia; casos são considerados raros e imunização é incentivada por especialistas

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 Maio 2024, 12h32 - Publicado em 8 mar 2024, 12h49
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  • O Ministério da Saúde apresentou na manhã desta sexta-feira, 8, esclarecimentos sobre uma nota técnica com dados sobre eventos adversos relacionados à vacina contra dengue, a Qdenga, incorporada no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e aplicada no público de 10 a 14 anos. Segundo o documento, entre as 365 mil doses aplicadas das redes pública e privada, foram relatadas 529 notificações, das quais 70 foram reações alérgicas, como hipersensibilidade e anafilaxia. Os casos são considerados raros e especialistas recomendam que os pais continuem levando filhos a postos de vacinação para protegê-los contra infecção causada pelo mosquito Aedes aegypti.

    A nota técnica foi elaborada a partir de dados do sistema de farmacovigilância, que monitora de forma corriqueira as informações pós-vacinação com todos os imunizantes aplicados na rotina do país, após ser verificada a relação de causalidade entre a vacina e os episódios.

    “Mais de 80%  dos casos são eventos leves e corriqueiros. O que chamou atenção foi o número de reações alérgicas, mas é um número pequeno frente às doses aplicadas”, explicou Eder Gatti, diretor do PNI. “Fizemos uma discussão conjunta e concluiu-se que era melhor fazer uma nota técnica e trazer transparência para a sociedade”, completou.

    As reações alérgicas notificadas tiveram como principal característica o aparecimento em um curto período de tempo após a imunização, em torno de dez minutos depois da administração.

    Dos 70 episódios, 28 foram de hipersensibilidade imediata, 11 de reações locais, 16 de anafilaxia (principalmente manifestações na pele e sintomas gastrointestinais), dez de urticária, cinco de hipersensibilidade tardia e três de choque anafilático. “Todas foram atendidas e evoluíram para cura e não houve hospitalizações”, disse Gatti.

    O diretor reforçou que a campanha de vacinação contra a dengue deve ser fortalecida e que os pais devem levar seus filhos para os postos de vacinação. A faixa etária de 10 a 14 anos foi elencada por ser a que mais apresenta hospitalizações dentro do público apto para receber as doses.

    “A vacina é segura, eficaz e adequada para ser usada em nossos país. Várias agências regulatórias e a Organização Mundial da Saúde recomendaram (o imunizante). A dengue é um problema de saúde pública.”

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    Em nota, a farmacêutica Takeda disse que “a ocorrência de anafilaxia após a imunização é rara” e que conta com um “sistema robusto de monitoramento de farmacovigilância global para rastrear eventos adversos”. A empresa informou que os estudos com o imunizante foram realizados ao longo de 15 anos com mais de 28 mil voluntários de 13 países e que a vacina demonstrou capacidade de reduzir casos sintomáticos de dengue e hospitalizações em 80,2% e 90,4%, respectivamente.

    Durante os estudos, não foram relatadas reações de hipersensibilidade graves ou casos de reações anafiláticas ou choque relacionados. “Mas também sabemos que, quando uma vacina é introduzida em larga escala na população, eventos adversos inesperados e/ou raros podem ocorrer.”

    Disse ainda que está de acordo com a posição do Ministério da Saúde para continuidade da vacinação, tendo em vista que os benefícios contra o vírus superam os riscos.

    Recomendações

    A nota técnica também traz orientações para os profissionais de saúde, como a observação das crianças sem histórico de alergias por 15 minutos, prazo que sobe para 30 caso o paciente seja alérgico.

    “O risco de anafilaxia é baixíssimo. Se tomadas as providências que estão na nota técnica, o cenário fica ainda mais seguro. A recomendação é estimular ainda mais a vacinação”, afirma o médico infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

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    Barbosa também explica como os pais podem evitar fake news sobre vacinas e como buscar fontes seguras de informação: “Procurem informações nos canais oficiais do Ministério da Saúde, das secretarias estaduais e municipais, e nas sociedades médicas, como a SBI”.

    Baixa adesão

    Quase um mês após o início da campanha de vacinação contra a dengue em crianças de 10 e 11 anos, o mutirão passou por uma mudança no escalonamento das doses por baixa adesão. Segundo dados do Ministério da Saúde enviados a VEJA nesta quinta-feira, 7, das mais de 1,2 milhões doses distribuídas apenas 18,7% foram aplicadas. A pasta decidiu, então, ampliar a faixa etária até os 14 anos para aumentar a taxa de vacinação.

    Até quinta-feira, 7, 1.235.236 doses tinham sido distribuídas e 249.335 foram aplicadas no público-alvo (20,2%).

    “Antes, a orientação era vacinar crianças de 10 e 11 anos. A ampliação, portanto, busca alavancar a proteção para o público-alvo”, explicou, em nota.

    O país enfrenta um surto da doença causada pelo Aedes aegypti e já soma 1.318.336 casos e 343 mortes. Há 775 óbitos em investigação.

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    Vacina contra a dengue

    O Distrito Federal e o estado de Goiás foram os primeiros a receber doses da vacina contra a dengue, dando início à campanha de imunização. Além dessas localidades, Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins também receberão doses, que serão distribuídas para 521 municípios.

    Eles foram selecionados por serem locais com mais de 100 mil habitantes que estão com predominância do sorotipo 2 da doença e estão com números altos de notificações desde o ano passado. Também são pontos que registraram índices elevados de infecção nos últimos dez anos.

    O Ministério da Saúde informou que adquiriu todo estoque disponível da vacina contra a dengue, a Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda, para os anos de 2024 e 2025. “Neste ano, o Brasil receberá 5,2 milhões de doses, além de uma doação de 1,3 milhão de doses, que permitirão a vacinação de 3,2 milhões de pessoas com as duas doses que completam o esquema vacinal.”

     Em outra frente, a pasta tem dialogado com o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para a expansão da produção de imunizantes contra a doença para distribuição no país.

    Em outubro do ano passado, a OMS recomendou a vacinação contra a doença com foco principalmente em crianças e adolescentes de 6 a 16 anos em países endêmicos, caso do Brasil. Por aqui, o imunizante Qdenga foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) meses antes, em março.

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    O Ministério da Saúde seguiu a recomendação da entidade e determinou a oferta do imunizante para essa faixa etária. Com a medida, o Brasil se tornou o primeiro país a incluir a vacina no sistema público de saúde.

    Surto de dengue no Brasil

    O Brasil ultrapassou 1 milhão de casos de dengue apenas nos dois primeiros meses de 2024. No início de fevereiro, o ministério divulgou a estimativa de que o número de casos de dengue no país pode chegar a 4,2 milhões em 2024, índice que seria um recorde.

    Até o momento, Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo declararam situação de emergência por epidemia da infecção.

    Em 2023, o país atingiu 1 milhão de registros da doença no período entre 30 de abril e 6 de maio. Durante todo o ano passado, foram registrados 1.658.816 casos e 1.094 mortes por dengue.

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