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Medicamentos podem reduzir o risco da Covid longa?

Pesquisadores tentam estabelecer se as vacinas e tratamentos existentes contra a fase aguda da Covid-19 podem prevenir sintomas persistentes

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 mar 2022, 19h32

Em artigo publicado na revista científica Nature, cientistas estão dedicando esforços para estabelecer quais tratamentos e vacinas podem ser eficazes contra a Covid longa, caracterizada por sintomas persistentes da doença, que duram mais de três meses. Em estudo, os pesquisadores propõem uma variedade de causas para a condição: reservatórios virais persistentes, autoimunidade, pequenos coágulos sanguíneos ou até uma mistura desses fatores. “Demorou muito tempo para começar qualquer pesquisa séria sobre a Covid longa”, disse o imunologista Danny Altmann, do Imperial College London, na Inglaterra. “É difícil juntar as peças para um quadro geral”.

Até agora, o que se sabe é que as pessoas com Covid longa vivem com uma ampla gama de sintomas, que variam de leves a severamente debilitantes. Também que as vacinas são a melhor maneira de prevenir essa extensão da doença já que, assim como diminuem o risco de infecção por SARS-CoV-2, também podem reduzir o perigo de sintomas persistentes após uma infecção em um indivíduo vacinado.

Em um dos estudos feitos até o momento, por exemplo, se descobriu que a imunização reduziu as chances de desenvolvolvimento de sintomas longos de Covid em cerca de 41% dos mais de 3.000 participantes com duas doses, que foram posteriormente infectados pelo coronavírus. Mas, segundo Altmann, isso ainda deixa muitas pessoas vulneráveis à Covid longa. “Metade não é um resultado tão bom quanto eu pensei que seria”, disse.

Além da vacinação, ainda não está claro se algum tratamento contra a fase aguda da Covid-19 tem efeito sobre a Covid longa. “Em teoria, um medicamento que reduz a gravidade da doença pode reduzir a gravidade dos sintomas a longo prazo”, explica Altmann. Mas a Covid longa nem sempre está associada a doenças agudas graves. “Existem muitas pessoas que são realmente destruídas pela Covid longa e tiveram infecções assintomáticas ou quase sem sintomas”, acrescenta.

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No entanto, alguns estudos objetivam analisar o impacto do tratamento precoce com medicamentos antivirais para a Covid longa. Um ensaio clínico chamado PANORAMIC está testando os efeitos do antiviral oral molnupiravir, desenvolvido pela Merck – MSD, no Brasil. Embora não seja o objetivo principal do estudo, os pesquisadores coletarão dados dos participantes em três e seis meses após o tratamento – o que pode determinar se o medicamento influencia em sintomas persistentes da doença. Duas pesquisas com o Paxlovid, antiviral desenvolvido pela Pfizer, também vão incluir um acompanhamento de seis meses dos participantes.

Esses medicamentos antivirais são normalmente usados ​​para tratar pessoas com sintomas leves da Covid-19. Um estudo, chamado SOLIDARITY, de acompanhamento de pacientes com a Covid longa durante um ano, está sendo feito pela pela Universidade de Helsinque e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com participantes que foram hospitalizados e tratados com o antiviral remdesivir. Liderado pelo urologista e epidemiologista clínico Kari Tikkinen, da Universidade de Helsinque, que desde o início da pandemia, em 2020, se dedica a acompanhar a evolução de pacientes com a doença e efeitos colaterais de remédios, a pesquisa também acompanha os voluntários de dois outros braços do levamtamento: um que testou um medicamento imunossupressor chamado infliximabe e outro, o imatinibe, um fármaco que pode ajudar a reduzir a inflamação nos vasos sanguíneos.

Tikkinen afirma, porém, que nenhum desses estudos tiveram participantes suficientes para dar respostas claras sobre a Covid longa. Sua equipe tomou medidas extraordinárias para entrar em contato com os participantes, meses após o tratamento com remdesivir e incentivá-los a preencher a pesquisa sobre seus sintomas. O resultado foi uma taxa de resposta de 95%, que o médico diz ser excepcionalmente alta para estudos de longo prazo. Mas como o estudo original incluiu apenas 350 pessoas, provavelmente ainda é um número muito pequeno para fornecer uma conclusão definitiva.

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Outro grande estudo chamado HEAL-COVID, está sendo feito no Reino Unido, testando dois medicamentos para o sistema cardiovascular em pessoas que foram hospitalizadas com Covid-19. Um anticoagulante chamado apixabano e outro, com atorvastatina, remédio para baixar o colesterol. A pesquisa investigará se o tratamento reduz hospitalizações e mortes um ano após as pessoas receberem alta hospitalar. Segundo especialista, um terço das pessoas que recebem alta após o tratamento para Covid-19 são readmitidas dentro de seis meses e 12% morrem em seis meses após a alta inicial. “Analisamos o que mais levava à morte após a hospitalização, e provavelmente, eram os efeitos cardiopulmonares”, diz a especialista em terapia intensiva Charlotte Summers, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, que lidera o estudo.

Por sua natureza, os estudos de Covid longa exigem paciência: uma definição comumente aceita é a persistência de certos sintomas por mais de 12 semanas após a infecção aguda. Altmann está otimista de avanços ainda este ano, mas adverte contra a produção excessiva em pequenos ensaios que podem não produzir resultados estatisticamente significativos. “Existe essa necessidade incrivelmente urgente e desesperada – todos nós sentimos essa ansiedade”. Também existe a urgência já que a Covid longa pode acarretar muito sofrimento ao paciente. “É uma necessidade de saúde urgente, na qual as pessoas precisam começar a se concentrar”, afirma Charlotte.

 

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