Depois da onda de falsificações dos medicamentos para diabetes 2 e obesidade à base de semaglutida, Ozempic e Wegovy (da dinamarquesa Novo Nordisk), falsificadores passaram a mirar o Mounjaro, fármaco que tem como princípio ativo a tirzepatida e ainda não está disponível no mercado brasileiro. O alerta é da farmacêutica Eli Lilly, detentora do medicamento, que lançou carta aberta nesta terça-feira, 27, sobre os riscos à saúde das versões adulteradas.
Com o sucesso das medicações para condições crônicas que resultam em perda de peso, impulsionado por publicações de celebridades e influencers nas redes sociais, um mercado paralelo para abarcar a demanda se consolidou na internet e tem ofertado desde falsificações a produtos manipulados que não têm o princípio ativo dos remédios.
A farmacêutica informou que há uma proliferação de opções semelhantes ao produto original em anúncios nas redes sociais que não contêm tirzepatida entre os componentes e, mais grave, apresentam contaminação.
“Alguns continham bactérias, altos níveis de impurezas, cores diferentes (rosa, em vez de incolor) ou uma estrutura química completamente diferente dos medicamentos aprovados pela Lilly. Em pelo menos um caso, o produto nada mais era do que álcool”, declarou a empresa.
Na carta aberta, a empresa demonstrou preocupação com a população que pode adquirir os produtos irregulares. “Eles podem não conter nenhum princípio ativo, ter na sua composição um outro medicamento, dosagens incorretas ou até mesmo vários medicamentos misturados, o que pode resultar em problemas graves para a saúde. Esses produtos não são seguros.”
O Mounjaro, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em setembro do ano passado, ainda não chegou ao Brasil e não há previsão de data para o lançamento no país. Medicamento injetável, é apresentado no mercado ilegal até em pílulas manipuladas e “versões orais de tirzepatida”, chips e até sprays nasais.
“A única administração aprovada de tirzepatida é por injeção subcutânea. Nenhum órgão regulador avaliou a segurança ou eficácia da pílula ou versões orais dessa molécula.”
A empresa reforçou que qualquer medicamento da companhia vendido por anúncios nas mídias sociais é ilegal. “Esses produtos podem ser falsos ou estão sendo ‘revendidos’ por indivíduos que os obtiveram por outros meios. Ambas as práticas podem colocar os pacientes em risco”, acrescentou.
A farmacêutica recomenda que pessoas que adquiriram ou utilizaram produtos adulterados devem buscar atendimento médico. Também divulgou os contatos dos seus canais de atendimento: 0800 701 0444, WhatsApp (11) 5108-0101 e e-mail sac_brasil@lilly.com.
Riscos dos medicamentos falsificados
No fim do ano passado, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana, emitiu comunicado sobre o recolhimento de milhares de unidades falsas do remédio da farmacêutica Novo Nordisk. O órgão constatou que até as agulhas tinham sido adulteradas, algo que compromete ainda mais a segurança das canetas de semaglutida e aumenta os riscos de infecção.
Na ocasião, a FDA relatou que cinco episódios de eventos adversos relacionados com o lote falsificado foram identificados e que os pacientes apresentaram enjoos, vômito, diarreia, prisão de ventre e dores abdominais. Não houve relato de casos graves e os sintomas são semelhantes aos efeitos colaterais da medicação verdadeira.
Na Áustria, também em 2023, o produto irregular causou graves problemas para os pacientes. A autoridade sanitária austríaca informou que recebeu relatos de pessoas que foram hospitalizadas por terem apresentado convulsão e hipoglicemia após o uso, uma indicação de que o produto continha falsamente insulina, em vez de semaglutida, de acordo com o órgão.