Talvez você não saiba, mas a luz solar é extremamente importante para a saúde. A falta de exposição à luz do sol pode prejudicar a saúde física e mental. Um estudo de 2014, realizado com trabalhadores mostrou que indivíduos que tinham janelas em seu local de trabalho e, portanto, estavam mais expostos à luz do sol, apresentam hábitos de sono mais sudáveis e um melhor bem estar geral, em comparação com aqueles que passam o dia inteiro trancados em ambientes fechados.
Isso acontece porque a exposição à luz solar ao longo do dia equilibra o ritmo circadiano, que precisa do claro e do escuro para funcionar adequadamente. “Há evidências crescentes de que a exposição à luz, durante o dia – particularmente pela manhã – é benéfica para a saúde através de seus efeitos sobre o humor, estado de alerta e metabolismo. Os resultados do estudo confirmam que a exposição à luz natural tem efeitos poderosos sobre a saúde”, explicou Phyllis Zee, neurologista e co-autor do estudo.
O impacto na saúde física e mental
Muitas pessoas relatam que passeios ou mesmo caminhadas rápidas ao ar livre – especificamente sob o sol – pareceram promover melhora do humor, trazendo também sensação de calma. A luz solar também interfere nos níveis de óxido nítrico na pele e no sangue, o que pode ajudar na redução da pressão arterial. Isso contribui tanto para melhorar a saúde do coração, protegendo contra doenças cardiovasculares como acidente vascular cerebral (AVC) e ataque cardíaco, quanto para diminuir o stress.
De acordo com a revista americana Consumer Reports, uma pesquisa que ainda está em andamento sugere que a exposição aos raios solares pode contribuir para a redução do apetite, o risco de obesidade e diabetes tipo 2 e de algumas doenças autoimunes.
Do ponto de vista da saúde mental, a iluminação natural aumenta a produção de serotonina, conhecida como hormônio do bem-estar, que regula o sono, o humor e o apetite, entre outros aspectos do funcionamento corporal. É por isso que países que sofrem com invernos rigorosos, com meses de escassa luz solar, a população corre maior risco de desenvolver depressão sazonal. O problema está diretamente associado à falta de iluminação natural e o tratamento inclui exposição à luz azul (espectro mais presente na luz do sol).
O tratamento de outros tipos de depressão também inclui a recomendação de maior exposição ao sol para desfrutar de melhoras no humor – ainda que limitadas.
Vitamina D
A luz natural é essencial para a produção de vitamina D. A substância auxilia na saúde óssea ao promover a absorção de cálcio pelos ossos. “É extremamente essencial promover a absorção de cálcio, mineral que ajuda a manter os ossos fortes”, disse Clifford Rosen, pesquisador do Maine Medical Center Research Institute, nos Estados Unidos, à Consumer Reports.
Segundo estudo publicado na revista Nature Immunology, a vitamina D também impulsiona o sistema imunológico. Isso acontece porque a célula T – importante para o combate a patógenos causadores de doenças – precisa da vitamina D para funcionar.
“Quando uma célula T é exposta a um patógeno, ela amplia um dispositivo de sinalização ou ‘antena’, conhecido como receptor de vitamina D. Isso significa que a célula T deve ter vitamina D ou a ativação da célula não acontece. Se elas não encontram vitamina D suficiente no sangue, elas sequer se mobilizam”, explicou Carsten Geisler, principal autor da pesquisa.
Longevidade
Um estudo publicado no periódico científico Journal of Internal Medicine, que acompanhou cerca de 30.000 mulheres suecas ao longo de 20 anos, concluiu que aquelas que passavam mais tempo ao sol viviam de seis meses a dois anos a mais do que as que tinham menos tempo de exposição solar. Apesar disso, os pesquisadores afirmam que são necessárias mais pesquisas para compreender melhor os mecanismos envolvidos no processo.
Quanto tempo de exposição?
Segundo especialistas, durante o verão o corpo precisa, em média, de 10 minutos ao dia de exposição ao sol (sem protetor solar) para que o corpo produza cerca de 5.000 IU de vitamina D. Essa quantidade é suficiente para a maioria das pessoas, incluindo idosos que apresentam menor capacidade de produção.
“É difícil quantificar a quantidade de tempo ideal, já que a pigmentação da pele afeta a quantidade de radiação UV que absorvida, mas é muito menos do que você precisa para obter uma queimadura solar”, explicou Robyn Lucas, professor da Escola de Medicina e Saúde da Universidade Nacional Australiana na Austrália, ao Consumer Reports.
Por causa disso, ele recomenda utilizar o UV index – disponibilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) -, que ajuda a determinar a incidência de raios solares na sua região: quanto mais alto for o índice de UV menor deve ser o tempo de exposição sem proteção, que deve acontecer no início da manhã (até as 10hs) ou no final da tarde (depois das 16hs).
Além disso, é importante lembrar que mesmo com os benefícios, muita exposição ou exposição sem proteção solar aumentam os riscos de desenvolver câncer de pele. Portanto, nunca esqueça de utilizar o filtro solar, mesmo nas estações mais amenas ou frias.