Descoberta oferece nova esperança para o tratamento da leucemia infantil
Em testes em laboratório e em modelos animais, composto experimental foi capaz de reduzir em até 93% a progressão das células tumorais
Pesquisadores do Instituto Van Andel, nos Estados Unidos, desenvolveram um composto experimental que pode mudar o tratamento de uma forma agressiva de leucemia infantil. O tipo que foi alvo da pesquisa está ligado a mutações no gene MLL (responsável por regular o desenvolvimento normal das células sanguíneas), afeta principalmente bebês e crianças pequenas e costuma ser resistente aos tratamentos convencionais, como a quimioterapia.
A descoberta tem o potencial de oferecer uma nova alternativa terapêutica para crianças com leucemia, cujas opções de tratamento são limitadas e, muitas vezes, pouco eficazes. Os primeiros testes com o composto mostraram resultados positivos, oferecendo uma esperança renovada para as famílias que enfrentam essa condição. O estudo foi publicado no periódico científico Science Advances.
Nos estudos realizados em laboratório e em modelos animais, os resultados foram bastante promissores. O composto foi capaz de reduzir em até 93% a progressão das células de leucemia. Em camundongos, o tratamento diminuiu significativamente o crescimento das células cancerígenas e, mais importante, fez isso sem causar danos às células saudáveis.
Como funciona o tratamento em teste
O composto experimental atua degradando uma proteína específica, chamada ENL, essencial para a sobrevivência e proliferação das células de leucemia. Sem essa proteína, as células cancerígenas perdem a capacidade de se multiplicar e espalhar, o que pode frear o avanço da doença.
Essa abordagem pertence a uma nova classe de medicamentos chamada “degradadores de proteínas“, que não apenas bloqueiam a ação de proteínas nocivas, mas as removem completamente do corpo. Com essa tecnologia, os tratamentos podem ser administrados em doses menores e com menos frequência, resultando em menos efeitos colaterais.
Menos efeitos colaterais
Outro dado relevante é que os efeitos colaterais observados foram mínimos. Isso representa uma grande vantagem em comparação aos tratamentos convencionais, como a quimioterapia, que afetam tanto as células doentes quanto as saudáveis, resultando em uma série de reações adversas, especialmente em crianças, como náuseas, queda de cabelo e fraqueza.
Embora os resultados iniciais sejam animadores, o tratamento ainda precisa passar por mais etapas antes de estar disponível para o público. O próximo passo será testar o composto em outros tipos de câncer, como o tumor de Wilms, e expandir os estudos para mais pacientes.
Os pesquisadores também planejam realizar ensaios clínicos em humanos para garantir que o composto seja seguro e eficaz em diferentes situações.