Nesta terça-feira, 17 de outubro, o Brasil celebra o Dia Nacional da Vacinação, data para promover a importância da imunização no controle de epidemias. Como se sabe, as vacinas têm relevância histórica na erradicação de doenças como a varíola e na diminuição da incidência e evolução para quadros graves de doenças como gripe, poliomielite, rubéola, sarampo, caxumba, tétano, e mais recentemente, Covid-19.
“É um dia para festejar, especialmente neste ano que nosso programa nacional de imunizações completa 50 anos”, diz Renato Kfouri, médico infectologista, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), sobre o PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Ministério da Saúde, formulado em 1973, e que atualmente oferece vacinas para mais de 30 doenças em todas as faixas etárias, com distribuição de 300 milhões de doses ao ano em 38 mil salas de vacinação distribuídas pelo território nacional.
“Tivemos muitas conquistas nessas cinco décadas: erradicamos a varíola, eliminamos a poliomielite. As vacinas salvam mais de 3 milhões de pessoas por ano”, completa o médico, enfatizando a importância dos imunizantes para as crianças.
“Pela vacinação, muitas crianças são salvas por doenças evitáveis, tanto que reduzimos a mortalidade infantil e aumentamos a expectativa de vida. Nosso país conquistou a incorporação de diversas vacinas para as crianças e nosso programa de produção de vacina nacional se intensificou”, celebra o médico pediatra e também presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Descobertas há mais de 200 anos, após cientistas perceberem a capacidade do corpo humano em gerar anticorpos ao receber patógenos como vírus, bactérias e alguns fungos em estado inofensivo, as vacinas avançaram muito ao longo do tempo, especialmente no país, que virou referência mundial em imunização. “O Brasil virou o país do Carnaval, do futebol e das vacinas”, pontua Kfouri.
Principal obstáculo: desinformação
Todas essas conquistas, porém, têm sido abaladas pelas baixas coberturas vacinais, causadas, principalmente, pela desinformação. “A própria percepção de risco e o sucesso das vacinas ao reduzir as doenças criam uma falsa sensação de segurança, de que talvez não seja necessário vacinar e que, eventualmente possam dar reações – e podem mesmo, leves, mas podem. Assim, se cria um campo fértil para a disseminação de fake news, de conceitos equivocados que deixam as famílias hesitantes em vacinar seus filhos”, explica o infectologista.
Segundo ele, os pais que estão em dúvida em vacinar seus filhos estão inseguros e impactados por notícias falsas, e confortáveis com a ideia de que essas doenças não circulam mais. “Só que, se as coberturas vacinais continuarem caindo, corremos o risco de retorno dessas doenças”, acrescenta.
Felizmente, em 2022, após a pandemia, os índices mostraram sinais de recuperação das taxas de cobertura vacinal. “Mas ainda estamos longe do ideal”, afirma o médico. “É para comemorar o dia, mas também é tempo de enfrentar este novo desafio: melhorar o acesso às vacinas. É fundamental que elas estejam onde a população está, inclusive nas escolas. E precisamos resgatar a confiança nas vacinas, mostrar como são seguras e eficazes e a importância de continuar vacinando para nos livrarmos dessas doenças”, finaliza.