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Depressão: Psicodélico é quatro vezes mais eficaz que antidepressivo

Estudo da Universidade Johns Hopkins é o primeiro a mostrar o potencial da psilocibina, princípio ativo dos cogumelos mágicos, no tratamento da doença

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 nov 2020, 08h37 - Publicado em 5 nov 2020, 08h30
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  • A psilocibina, princípio ativo dos cogumelos mágicos, é quatro vezes mais eficaz no tratamento da depressão do que os antidepressivos comuns, de acordo com um estudo publicado na quarta-feira, 4, na revista científica JAMA Psychiatry. Essa é a primeira pesquisa científica a comprovar o potencial dessa terapia para a depressão comum.

    Até o momento, os estudos com esse psicodélico estavam concentrados em pessoas com depressão resistente, ou seja, que não respondem a pelo menos dois tratamentos já existentes. Os resultados incrivelmente positivos foram descritos como apenas uma “amostra do que está por vir”, já que outros estudos com um número maior de participantes estão em andamento.

    Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, recrutaram 24 voluntários com depressão. Os pacientes enfrentavam a doença há, no mínimo, dois anos. Antes do estudo, todos os indivíduos precisaram abandonar o tratamento com antidepressivos, mediante acompanhamento médico.

    Os participantes receberam duas doses de psilocibina administradas por dois monitores clínicos. As doses foram administradas com duas semanas de intervalo entre elas. Cada sessão de tratamento durou aproximadamente cinco horas, com o participante deitado em um sofá, com viseira e fones de ouvido que tocavam música. O tempo inteiro os monitores estavam presentes.  Uma série de sessões de psicoterapia foi realizada antes e depois das sessões ativas com psilocibina. O protocolo seguido pelos pesquisadores é semelhante ao usado em outros estudos com o mesmo medicamento.

    Os resultados mostraram que 67% dos participantes apresentaram uma redução de mais de 50% nos sintomas de depressão apenas após uma semana de tratamento. No acompanhamento de quatro semanas, esse número subiu para 71% dos voluntários. A pontuação média no teste de depressão dos participantes em geral caiu de 23 para 8 um mês depois, e mais da metade do grupo foi considerada em remissão no mesmo período.

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    “A magnitude do efeito que vimos foi cerca de quatro vezes maior do que os testes clínicos demonstraram para os antidepressivos tradicionais no mercado”, diz Alan Davis, da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins e autor correspondente do estudo. “Como a maioria dos outros tratamentos para depressão leva semanas ou meses para funcionar e pode ter efeitos indesejáveis, isso pode ser uma virada de jogo se essas descobertas se confirmarem em futuros ensaios clínicos controlados por placebo de‘ padrão ouro ’.”

    As limitações do estudo incluem o pequeno número de voluntários, a ausência de grupo controle e um curto período de acompanhamento. De qualquer forma, os resultados são considerados extremamente promissores.

    Os compostos psicodélicos são substâncias extraídas de plantas ou sintetizadas em laboratório capazes de induzir estados alterados de consciência. Fazem parte desta classe substâncias como a psilocibina, o LSD, a ayahuasca e o MDMA (princípio ativo do ecstasy). A psilocibina, por exemplo, produz alucinações visuais e auditivas e profundas mudanças na consciência algumas horas após a ingestão.

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    A maior dos psicodélicos atua como um facilitador da psicoterapia. Sob seu efeito, os pacientes são capazes de relembrar e trabalhar eventos traumáticos com menos sofrimento. Isso significa que o paciente não precisa ficar usando a substância depois do tratamento.

    A ciência ainda não compreende completamente como os psicodélicos funcionam. Do ponto de vista químico, elas aumentam a quantidade de neurotransmissores no cérebro, em especial a serotonina, que controla as emoções e regula o domínio sensorial, o motor e a capacidade associativa do cérebro. Elas reduzem a atividade na amígdala, parte do cérebro que regula a resposta ao medo. E aumenta a atividade no córtex-pré frontal, parte associada ao raciocínio, humor e percepção. O efeito terapêutico estaria relacionado a maior fluidez da atividade cerebral.

    A FDA, agência americana que regula medicamentos, concedeu à psilocibina a designação de terapia inovadora em duas ocasiões: no tratamento de depressão grave resistente ao tratamento e de depressão grave.

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