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Crianças não acreditam em tudo que lhes dizem…

Estudo mostra que as mais velhas são propensas a testar efetivamente afirmações surpreendentes feitas por adultos

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 set 2022, 17h32 - Publicado em 13 set 2022, 17h31

O aprendizado das crianças pode se dar de várias formas. Elas aprendem por conta própria, por meio da observação e experimentação. Também aprendem com o que outras pessoas lhes dizem, especialmente adultos e figuras de autoridade, como seus pais e professores. Mas quando se deparam com algo surpreendente, tendem a buscam informações adicionais fazendo perguntas ou testando afirmações. Mas por que e de que forma elas fazem isso? Um novo estudo publicado na revista Child Development, feito por pesquisadores da Universidade de Toronto e da Universidade de Harvard, responde a essa pergunta.

“A pesquisa mostra que, à medida que as crianças envelhecem, elas se tornam mais céticas em relação ao que os adultos lhes dizem”, disse Samantha Cottrell, membro sênior do Laboratório de Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil (ChiLD) da Universidade de Toronto. “São mais propensos a tentar verificar alegações e mais intencionais sobre sua exploração de objetos”.

Em dois estudos, os pesquisadores decidiram esclarecer o porquê as crianças exploram alegações surpreendentes. No primeiro, realizado entre setembro de 2019 e março de 2020, 109 crianças de quatro a seis anos foram recrutadas na área da Grande Toronto, Canadá. Por conta da pandemia da Covid-19, o laboratório foi fechado para testes presenciais em março de 2020, o que resultou em números de testes menores do que o planejado originalmente.

As crianças foram apresentadas a três objetos familiares: uma pedra, um pedaço de material esponjoso e um saco de hacky. Um experimentador começou perguntando às crianças: “Vocês acham que esta pedra é dura ou macia?” Todas as crianças afirmaram que a pedra era dura. Foram então aleatoriamente designadas para ouvir algo que contradissesse suas crenças sobre o mundo (“Na verdade, essa pedra é macia, não dura”) ou algo que confirmasse sua intuição (“Isso mesmo, essa pedra é dura”). Após essas declarações, todas as crianças foram novamente questionadas: “Então, você acha que essa pedra é dura ou macia?” Quase todas as crianças que ouviram afirmações alinhadas com suas crenças continuaram a fazer o mesmo julgamento de antes: que a pedra era dura. Em contraste, poucas que foram informadas de que a pedra era macia continuaram a fazer o mesmo julgamento de antes.

Em um dado momento, o experimentador saiu da sala e deixou as crianças explorarem o objeto por conta própria. O comportamento foi gravado em vídeo. O estudo descobriu que a maioria, independentemente da idade, se envolve em testar alegações surpreendentes. Os autores levantaram a hipótese de que as diferenças de idade relatadas anteriormente na exploração de afirmações surpreendentes pelas crianças podem refletir no desenvolvimento da capacidade das crianças de usar a exploração para testar afirmações mais complexas.

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Também pode ser que, com o aumento da idade, a motivação por trás da exploração das crianças mude, com as mais novas explorando porque acreditaram no que lhes foi dito e queriam ver o evento surpreendente e as crianças mais velhas explorando porque eram céticas em relação ao que lhes foi dito.

No segundo estudo, realizado entre setembro e dezembro de 2020, foram recrutadas 154 crianças de 4 a 7 anos na mesma área. Devido às restrições da Covid-19, um experimentador compartilhou sua tela e apresentou oito vinhetas para cada criança participante, sendo informadas de afirmações surpreendentes feitas por adultos (por exemplo, “A pedra é macia” ou “A esponja é mais dura que a pedra”). Foram então questionadas sobre o que outra criança deveria fazer em resposta a essa afirmação e por que elas deveriam fazer isso. Os resultados indicam que as crianças mais velhas (seis e sete anos) eram mais propensas do que as mais novas a sugerir uma estratégia de exploração adaptada à afirmação que ouviram (ou seja, tocando a rocha e a esponja).

As conclusões também mostram que, com o aumento da idade, as crianças justificam cada vez mais a exploração como forma de verificar a surpreendente afirmação do adulto. Essas descobertas sugerem que, à medida que as crianças envelhecem, mesmo quando são igualmente propensas a explorar tais afirmações, se tornam mais conscientes de suas dúvidas sobre o que os adultos lhes dizem e, como resultado, sua exploração se torna mais intencional, direcionada e eficiente.

“Ainda há muito que não sabemos”, disse Samuel Ronfard, professor assistente da Universidade de Toronto e diretor do Laboratório de Aprendizagem e Desenvolvimento Infantil (ChiLD). “Mas, o que está claro é que as crianças não acreditam em tudo o que lhes dizem. Eles pensam no que lhes foi dito e, se estiverem céticos, procuram informações adicionais que possam confirmar ou não”.

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