O Ministério da Saúde atualizou nesta terça-feira, 23, o cronograma de entrega de doses para vacinação contra Covid-19. À primeira vista, a mudança reduz em, pelo menos, 8,9 milhões de doses a previsão de entrega para o mês de abril.
O número reflete uma redução na entrega de doses da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que inicialmente entregaria 30 milhões de doses, mas que liberará 21,1 milhões. A instituição já tinha alterado sua previsão há dias, mas o Ministério da Saúde manteve as 30 milhões iniciais até ontem.
Com a baixa, a previsão de abril muda de 57,1 milhões de doses para 48,2 milhões de doses. Do total, 8,4 milhões são do tipo Sputnik V e Covaxin, que ainda necessitam de aprovação junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O material novo também levanta dúvidas em relação a 1 milhão de doses previstas pela Pfizer. Na exibição de Eduardo Pazuello, no dia 15, havia a projeção de entrega deste primeiro montante para o próximo mês, o que não está mais descrito no novo planejamento, que prevê 13,5 milhões de doses entre abril e junho. O Ministério da Saúde diz, porém, que a divisão da entrega está a cargo da farmacêutica.
A reportagem de VEJA questionou o Ministério da Saúde ainda na última segunda-feira, 22, sobre as datas de liberação de aplicações para o programa de vacinação e a resposta foi que o cronograma do dia 15 seguiria como o mais atual.
Essas doses reduzidas em abril, porém, não foram retiradas no cronograma do Ministério da Saúde. Elas serão realocadas ainda no primeiro semestre: 1,8 milhões em maio, 2,4 milhões em junho, 4,6 milhões em julho. O que totalizaria 8,8 milhões de doses — 100.000 a menos do que o retirado do mês de abril. De acordo com o governo, o ruído se dá por conta de números decimais que foram arredondado na divulgação. Nesse raciocínio, portanto, mantém-se a previsão de liberação de 100,4 milhões de doses entre março e julho pela Fiocruz, que as produzirá com matéria-prima importada.
O Ministério da Saúde afirmou em nota que “esse cronograma é montado com base no quantitativo previsto e enviado à pasta pelos laboratórios e pode sofrer alterações de acordo com o fluxo de produção das vacinas pelos fabricantes”. E diz que “não é o responsável pela redução no cronograma de recebimento de vacinas contra a Covid-19”.
Conforme reportagem de VEJA apontou, o sucesso do primeiro semestre é fundamental para que os públicos prioritários sejam imunizados, levando a uma redução nos registros da doença.