O uso de corticoides em pacientes com quadros graves de Covid-19 reduz em um terço o risco de mortalidade pela doença. A conclusão é de uma meta-análise realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e publicada nesta quarta-feira, 2, no periódico científico JAMA.
Os pesquisadores analisaram sete ensaios clínicos randomizados que avaliaram três anti-inflamatórios esteroides em mais de 1.700 pacientes, no mundo todo. Os resultados mostraram que os três medicamentos – dexametasona, hidrocortisona e metilprednisolona – reduzem em um terço os óbitos de pacientes com Covid-19. A dexametasona produziu os resultados mais significativos: queda de 36% nas mortes em 1.282 pacientes tratados em três pesquisas diferentes.
Esses medicamentos são usados para controlar a resposta do sistema imunológico, aliviando a inflamação, o inchaço e a dor. Muitos pacientes com Covid-19, principalmente aqueles que ficam em estado crítico, não morrem em decorrência do vírus, mas da reação exagerada do corpo à infecção – a chamada tempestade de citocinas.
Um estudo anterior, publicado em junho pela Universidade de Oxford, na Inglaterra, havia mostrado que a dexametasona parecia melhorar as taxas de sobrevivência em pacientes graves. A expectativa era que outros esteroides tivessem o mesmo efeito e é justamente isso o que a nova análise acaba de comprovar.
Até o momento, o único tratamento que se mostrou eficaz em pacientes em estado crítico é o remdesivir. Entretanto, sua eficácia foi modesta. Além disso, o remdesivir não está aprovado em todos os países e tem um custo extremamente alto, em comparação com os corticoides.
Diante dos resultados, a OMS publicou nesta quarta-feira, 2, uma nova diretriz recomendando o uso destes medicamentos como primeira linha de tratamento para casos graves de Covid-19.
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Além deste artigo, outros três estudos e um editorial sobre o assunto foram publicados no JAMA nesta quarta-feira,2. Entre eles um estudo brasileiro, feito por pesquisadores da Coalizão COVID-19 Brasil, uma aliança para condução de pesquisas, formada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, BrazilianClinicalResearchInstitute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).
Os pesquisadores avaliaram se a dexametasona poderia trazer benefícios a pacientes hospitalizados com formas graves de Covid-19. Foram incluídos 299 pacientes com síndrome respiratória aguda grave submetidos a respiração artificial em 41 UTIs brasileiras.
Os resultados mostraram que o uso do anti-inflamatório reduz em 2,6 dias a necessidade de respirador. A retirada precoce do equipamento está associada ao menor risco de complicações e alta mais rápida da UTI. Não foram observados efeitos adversos associados ao uso de medicamento.
Os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: 151 pacientes receberam dexametasona mais suporte clínico padrão e 148 apenas o suporte clínico padrão. A média de idade dos voluntários incluídos foi de 61 anos e 60% eram homens.