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Como hamsters provocaram um surto de Covid-19 em Hong Kong

Segundo pesquisa, animais que estavam em um pet shop foram os responsáveis pela disseminação da variante delta entre humanos

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 fev 2022, 19h11 - Publicado em 7 fev 2022, 19h05
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     (Divulgação/Divulgação)

    Pesquisadores descobriram que a variante delta do coronavírus entraram em Hong Kong por meio de hamsters domésticos. Uma análise genômica de amostras virais dos roedores confirmou que alguns desses animais, que estavam em um pet shop, foram os responsáveis pela disseminação da cepa do SARS-CoV-2 e, consequentemente, por um surto da doença entre humanos com 50 pessoas infectadas e o abate de cerca de 2000 hamsters no local.

    Modelo mais popular para o estudo de vírus em laboratório, os hamsters são altamente suscetíveis ao SARS-CoV-2. O estudo de Hong Kong, publicado online e ainda não revisado por pares, no entanto, é o primeiro a mostrar que os roedores podem ser infectados fora do laboratório e transmitir o vírus para outros hamsters e seres humanos. Além deles, os visons também possuem essa capacidade de transmissão do vírus em pessoas. No final de 2020, por exemplo, esses animais disseminaram a Covid-19 na Dinamarca e Holanda, provocando pânico e abates em massa dos bichos.

    “Um levantamento recente aponta o comércio de animais de estimação como uma rota para a disseminação viral”, diz Leo Poon, virologista da Universidade de Hong Kong e coautor do estudo. “Mas para ser justo com os hamster”, as pessoas ainda são muito mais propensas a serem infectadas umas pelas outras do que por animais de estimação”, completa.

    De acordo com Marion Koopmans, virologista do Centro Médico da Universidade Erasmus em Roterdã, na Holanda, mesmo assim, é importante monitorar o comércio de animais de estimação. “O SARS-CoV-2 pode continuar circulando em animais, evoluindo de maneiras inesperadas e depois voltar para as pessoas” alerta a médica, que acrescenta. “Não precisamos de mais surpresas com esse vírus”.

    Hong Kong manteve uma abordagem restrita de tolerância zero à Covid-19, e por isso acharam estranho quando um funcionário da loja de animais testou positivo para a delta em 15 de janeiro. Por causa disso, as autoridades de saúde pública coletaram mais de 100 animais no pet shop e outros 500 no armazém que os abastecia. Entre eles, detectaram RNA viral SARS-CoV-2 ou anticorpos contra o vírus em 15 dos 28 hamsters sírios (Mesocricetus auratus), mas em nenhum dos hamsters anões, coelhos, cobaias, chinchilas ou camundongos.

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    Os pesquisadores analisaram então as sequências genômicas de amostras coletadas de 12 hamsters e das primeiras 3 pessoas infectadas, incluindo o funcionário da loja de animais e um visitante. Todas continham a variante delta que, até então, não havia sido detectada anteriormente em Hong Kong e provavelmente se originou da mesma fonte.

    A equipe notou ainda que existia alguma diversidade nas sequências e concluiu que os hamsters provavelmente foram infectados pela primeira vez em novembro, antes de sua chegada a Hong Kong, e que o vírus estava se espalhando sem ser detectado entre os animais, acumulando algumas mutações ao longo do caminho. De acordo com Poon, o funcionário da loja de animais e o visitante provavelmente foram infectados em ocasiões separadas. “O mais surpreendente foi que, mesmo depois de se replicar em hamsters, o vírus ainda poderia ser transmitido entre humanos de forma bastante eficaz”, disse.

    Os roedores foram importados da Holanda, e uma análise mais aprofundada dos genomas, carregados em um banco de dados público global, identificou sua correspondência mais próxima em sequências coletadas em pessoas na Europa Oriental. Com esse resultado, Marion disse que está convencida de que a variante foi importada para Hong Kong nos animais, mas Arinjay Banerjee, virologista da Universidade Saskatchewan, no Canadá, diz que os pesquisadores não podem descartar a possibilidade de os hamsters terem sido infectados pela primeira vez por uma pessoa em Hong Kong e não serem responsáveis ​​por importar o vírus. “Há tantas pessoas lidando com hamsters durante o processo de transporte, mas mesmo que o risco de infecção por esses animais pareça baixo, é algo para se estar ciente”, finalizou.

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