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Comentários racistas na internet afetam a qualidade do sono de mulheres

Pesquisa afirma que a exposição a microagressões no ambiente online eleva em até 33% o risco de problemas para dormir entre mulheres negras

Por Ligia Moraes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 out 2024, 18h00
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  • Um estudo publicado na revista científica Health Psychology acaba de concluir que a exposição a agressões raciais no ambiente online compromete a qualidade do sono de mulheres negras, mesmo que elas não sejam o alvo direto dos comentários.

    A pesquisa, conduzida pela Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, acompanhou 478 mulheres negras de 18 a 35 anos e revelou que o simples ato de testemunhar microagressões direcionadas a outras mulheres negras na internet está associado a um aumento significativo na probabilidade de encarar insônia e outros distúrbios no sono.

    O que os cientistas batizaram de microagressões são, na verdade, interações sutis e ofensivas que perpetuam estereótipos raciais e de gênero, com um impacto particularmente nocivo quando ocorria no ambiente online. As mulheres que testemunharam esses episódios tinham 33% mais chances de apresentar problemas de sono relevantes.

    O efeito das microagressões indiretas

    O estudo fez uma distinção importante entre microagressões sofridas diretamente e aquelas observadas. Ou seja, é possível presenciar uma situação agressiva sem ser o alvo, mas ainda assim sentir seu impacto emocional. De acordo com a pesquisa, as microagressões observadas no ambiente online foram o tipo mais comum relatado, superando até mesmo as presenciais.

    A principal autora do estudo e pesquisadora do departamento de psicologia da Universidade Estadual da Carolina do Norte, Vanessa Volpe, destacou que muitas pessoas tratam as microagressões como “piadas”, sem reconhecer as consequências profundas que podem ter. “Embora sutis, esses ataques acumulam efeitos ao longo do tempo, impactando a saúde mental e física das pessoas,” disse em nota.

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    As participantes responderam a um questionário detalhado que mapeava a frequência com que elas vivenciaram agressões raciais e de gênero, tanto online quanto offline. Foi descoberto que, embora as interações ofensivas diretas na internet fossem menos frequentes, a observação de outras pessoas sendo alvos de ataques virtuais tinha um impacto maior na qualidade do sono do que as microagressões presenciais.

    Volpe destacou que, para cada aumento na escala de exposição a microagressões virtuais, houve um crescimento proporcional de 33% na probabilidade de distúrbios significativos no sono. Esse dado reforça a importância de considerar o ambiente digital ao discutir saúde mental e qualidade de vida de mulheres negras.

    A pesquisa sugere, assim, que os profissionais de saúde devem incluir perguntas sobre experiências de agressões e estresse relacionadas à raça e gênero, sobretudo na internet, ao avaliar pacientes com problemas de sono. Volpe ressaltou que planos de gestão de estresse que levem em conta as experiências virtuais podem ser mais eficazes para melhorar a saúde dessas mulheres.

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