Cientistas descobrem como a variante ômicron se liga às células humanas
Estudo da UBC mostra ainda que a nova cepa tem maior escape de anticorpos do sistema imunológico natural dos que os produzidos pela vacina
Pela primeira vez, cientistas descobriram como a variante ômicron se liga às células humanas através da spike – proteína que o coronavírus utiliza para invadí-las. Por meio da primeira análise estrutural em nível molecular do mundo, pesquisadores da faculdade de medicina da Universidade Columbia Britânica (UBC), no Canadá chegaram à descoberta publicada nesta segunda-feira, 24, na revista Science. “Compreender a estrutura molecular da proteína no pico viral é importante, pois nos permitirá desenvolver tratamentos mais eficazes contra a ômicron e variantes relacionadas no futuro”, disse Sriram Subramaniam, professor de bioquímica e biologia molecular da UBC e principal autor do estudo. “Ao analisar os mecanismos pelos quais o vírus infecta as células humanas, podemos desenvolver melhores tratamentos que interrompem esse processo e neutralizam o vírus”, acrescentou.
A análise estrutural revelou que várias mutações da ômicron criam pontes salinas e ligações de hidrogênio da proteína spike com o receptor celular humano conhecido como ACE2. Os pesquisadores concluíram que essas novas associações parecem aumentar a afinidade de ligação e a força com que o vírus se liga às células humanas. “No geral, os resultados mostram que ômicron tem maior afinidade de ligação do que o vírus original, com níveis mais comparáveis aos que vemos com a variante delta”, explica Subramaniam.
No estudo, os pesquisadores também revelaram que a ômicron tem maior escape de anticorpos do sistema imunológico natural dos que os produzidos pela vacina. “A ômicron foi menos evasiva da imunidade criada pelas vacinas, em comparação com a imunidade da infecção natural em pacientes não vacinados. Isso confirma que a vacinação continua sendo nossa melhor defesa”, afirma Subramaniam.
Vacinação no Brasil
O Brasil chegou a 352.936.974 doses de vacinas aplicadas até este domingo, 23. De acordo com dados do Ministério da Saúde, das secretarias estaduais de saúde e do site Coronavírus Brasil, 70,7% da população está completamente imunizada. Além disso, 41.267.776 doses de reforço foram aplicadas na população elegível: adultos que já tomaram a segunda dose há quatro meses ou mais. Para que estes números fossem alcançados, já foram distribuídas mais de 381,2 milhões de doses aos estados.