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Uma nova variante do coronavírus pode vir dos cervos?

Estudo canadense descobre uma nova linhagem do SARS-CoV-2 em veados de cauda branca em Ontário. Ainda não se sabe se transmitem a humanos

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 mar 2022, 13h23 - Publicado em 2 mar 2022, 13h03
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  • Veado vermelho pasta em um campo em Glen Etive, na Escócia
    Veado vermelho pasta em um campo em Glen Etive, na Escócia (Jeff J Mitchell/Getty Images)

    Cientistas canadenses identificaram uma nova versão altamente mutante do coronavírus em cervos de cauda branca no sudoeste de Ontário, que pode estar evoluindo nos animais desde o final de 2020. Eles também encontraram uma sequência viral muito semelhante em uma pessoa que teve contato próximo com eles, evidenciando a primeira possível transmissão de veado para humano. “O vírus está evoluindo em cervos, diferente das formas que estamos observando em humanos”, disse Samira Mubareka, virologista do Sunnybrook Research Institute e da Universidade de Toronto e autora do artigo.

    O relatório ainda não foi publicado em um jornal e revisado por pares. Também não há evidências de que a linhagem dos cervos esteja se espalhando ou represente algum risco para as pessoas. Experimentos laboratoriais preliminares sugerem que é improvável que a linhagem escape dos anticorpos humanos.

    Outra pesquisa, no entanto, publicada alguns dias depois, informa que a variante alpha pode ter continuado a se espalhar e evoluir nos cervos da Pensilvânia, mesmo depois de desaparecer das populações humanas. Juntos, os dois estudos sugerem que o vírus pode estar circulando entre os cervos por longos períodos de tempo, aumentando o risco desses animais se tornarem hospedeiros de variantes futuras. “Não há necessidade de pânico”, afirmou Arinjay Banerjee, virologista da Universidade de Saskatchewan. “Quanto mais hospedeiros tiver, mais oportunidades o vírus terá de evoluir”, completou.

    Estudos anteriores descobriram que o vírus em cervos de cauda branca foram transmitidos por humanos. Mas não se sabe se o contrário acontece. “Ainda não temos informações suficientes para confirmar essa transmissão de volta aos humanos”, disse Roderick Gagne, ecologista de doenças da vida selvagem da Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia.

    O estudo do Canadá envolveu ários pesquisadores de instituições de Ontário, que por meio de coletas de swabs nasais e amostras de tecido de linfonodos de 300 cervos de cauda branca mortos por caçadores, entre 1º de novembro e 31 de dezembro de 2021, observaram que 6% testaram positivo para a Covid-19. Os cientistas sequenciaram os genomas virais completos de cinco cervos infectados e encontraram mutações que não haviam sido documentadas anteriormente.

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    No geral, 76 mutações – algumas das quais já haviam sido encontradas em veados, martas e outros animais infectados – diferenciam da linhagem da versão original do vírus. Essa descoberta, bem como a taxa na qual o vírus acumula mutações, sugerem que a nova linhagem pode ter divergido das versões conhecidas do SARS-CoV-2 e evoluído, sem ser detectada. “Nós não temos todas as peças do quebra-cabeça”, disse Suresh Kuchipudi, microbiologista veterinário da Penn State, que não esteve envolvido na pesquisa. “E não podemos descartar o envolvimento de um hospedeiro intermediário”.

    Dados iniciais supõem que as vacinas existentes devem ser capazes de proteger contra essa linhagem. Os anticorpos de pessoas vacinadas foram capazes de neutralizar pseudovírus – vírus inofensivos e não replicantes – projetados para se assemelhar à linhagem dos cervos. No segundo estudo, cientistas das escolas de medicina e veterinária da Universidade da Pensilvânia analisaram gotas nasais de 93 cervos que morreram na Pensilvânia no outono e inverno de 2021 e descobriram que 19% estavam infectados com o vírus. Quando os pesquisadores sequenciaram sete das amostras, descobriram que cinco estavam contaminados com a variante delta e dois, com a alpha. “A alpha parece persistir no cervo de cauda branca mesmo durante o período em que não está circulando em humanos”, disse Eman Anis, microbiologista da Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia.

    De fato, as amostras de delta em veados eram geneticamente semelhantes às de humanos, sugerindo que havia um cruzamento das linhas de espécies em pouco tempo. Mas as duas sequências da alfa divergiram significativamente das linhagens humanas. “A principal implicação seria que os cervos sustentassem a transmissão e infecções dentro de suas populações”, disse o Gagne, autor do estudo da Pensilvânia. Não se sabe se essas linhagens continuarão a circular e evoluir em cervos, assim como o risco que podem representar para humanos e outros animais. “Com base nas informações atuais, eu diria que o risco da vida selvagem, incluindo veados, espalhar o vírus para as pessoas é baixo”, disse Jeff Bowman, pesquisador do Ministério de Desenvolvimento do Norte, Minas, Recursos Naturais e Florestas de Ontário e um dos autores do artigo do Canadá. “Mas continuar com a vigilância é fundamental”. Os especialistas também pediram às pessoas que continuem a seguir as diretrizes divulgadas pelas agências de saúde pública, incluindo não alimentar veados ou outros animais selvagens e usar luvas durante o abate.

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