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Câncer de pulmão: 80% das mortes no Brasil têm relação com tabagismo

Estudo da Fundação do Câncer mostra que, apesar da redução no número de fumantes, dependência faz vítimas; gasto anual com a doença chega a R$ 9 bilhões

Por Paula Felix Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 Maio 2024, 13h47
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  • O risco aumentado de desenvolver câncer de pulmão entre fumantes já está consolidado na literatura médica e, embora o tabagismo esteja em queda no Brasil nas últimas décadas, os impactos da dependência continuam sendo graves. Um estudo divulgado nesta quinta-feira, 16, pela Fundação do Câncer mostrou que o cigarro é responsável por 80% das mortes de homens e mulheres por tumores pulmonares no país.

    As projeções do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que, neste ano, devem ser diagnosticados 18 mil novos casos em homens e 14 mil casos em mulheres. Estima-se que 12% da população adulta seja consumidora de algum tipo de derivado do tabaco.

    O estudo, que utilizou dados públicos sobre os óbitos pela doença, mostrou que o quadro é mais grave no sexo masculino, que chega a ter 85% das mortes pelo tumor relacionados ao hábito de fumar.

    Outro achado é que aqueles que não evoluem para o pior desfecho, que é a morte, também acabam prejudicados porque são diagnosticados em estágios mais avançados, dado encontrado tanto em homens (63,1%) quanto entre mulheres (63,9%) em todas as regiões do país. Isso pode ser justificado pelo fato de que importante parcela de fumantes se concentra nas classes sociais mais desfavorecidas e entre pessoas com baixa escolaridade.

    “Estamos trabalhando com informações científicas para trazer formas de intervenção e, no caso do câncer de pulmão, temos de evitar que novas formas de tabagismo entrem na sociedade e lutar para que a doença seja diagnosticada precocemente”, afirma o médico epidemiologista Alfredo Scaff, consultor médico da Fundação do Câncer.

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    Ele relembra que o Brasil se tornou uma referência mundial no combate ao tabagismo nos anos 1990 e defende que as políticas públicas continuem avançando para conscientizar a população sobre os males dos produtos da indústria do tabaco.

    “A política contra o tabagismo é uma das mais vitoriosas que temos no Brasil. Antes, as pessoas fumavam em locais fechados, no avião, no cinema, em restaurantes e cerca de 40% da população era tabagista. Foi uma conquista civilizatória.”

    A preocupação, no momento, é com os cigarros eletrônicos, que atraem públicos mais jovens. Mesmo com a manutenção da proibição de venda do produto no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no mês passado, eles continuam sendo tratados como uma ameaça à saúde pública. “Os cigarros eletrônicos são uma forma muito séria de iniciar os jovens no tabagismo e de tornar as pessoas dependentes em nicotina, porque trazem a ideia de que são lúdicos e modernos, mas fazem mal à saúde”, diz Scaff.

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    Custos para tratamento e impactos na produtividade

    Além dos danos à saúde, o câncer de pulmão também leva a repercussões econômicas. De acordo com o levantamento, apresentado hoje na Suíça durante a reunião anual do Grupo de Epidemiologia e Registro do Câncer em Países de Língua Latina (GRELL, na sigla em inglês), os gastos com tratamento, cuidados com os pacientes e perda de produtividade de pacientes e parentes que precisam interromper suas carreiras relacionados ao câncer de pulmão chegam a R$ 9 bilhões por ano.

    “No entanto, os impostos pagos pela indústria do tabaco no país cobrem apenas 10% dos custos totais com todas as doenças relacionadas ao consumo de produtos derivados do tabaco, estimados em cerca de R$125 bilhões por ano”, informou, em nota, a fundação.

    Mais casos na região Sul

    De acordo com o estudo, a média nacional de incidência para câncer de pulmão é de 12,73 novos casos a cada 100 mil habitantes para homens e 9,26 para mulheres. A incidência mais alta foi encontrada na região Sul do país, com 24,14 casos novos a cada 100 mil entre homens e 15,54 entre as mulheres. Lá, os índices de mortalidade por 100 mil habitantes também foram mais altos na população masculina.

    Ainda no recorte regional, os homens ficaram abaixo da média nacional nas regiões Norte (10,72) e Nordeste (11,26). Entre as mulheres, a incidência foi menor do que a mapeada no Brasil nas regiões Norte (8,27), Nordeste (8,46) e Sudeste (8,92). A faixa etária com mais casos da doença é a de 40 a 59 anos (74% nos homens e 65% nas mulheres).

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