A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta sexta-feira, 29, que fez o cancelamento do registro de 1.266 pomadas modeladoras, usadas para trançar os cabelos e fixar penteados, que não estavam de acordo com as normas de segurança estabelecidas pela agência. Com a resolução, publicada no Diário Oficial da União (DOU), os produtos não podem mais ser comercializados. A lista pode ser consultada aqui.
A medida não tem relação com casos de lesões nos olhos relatados na cidade do Rio de Janeiro e, segundo a Anvisa, já estavam previstos por inconformidades, como ter a inscrição “pomada”, inclusive em outros idiomas, ou ter 20% ou mais de álcoois etoxilados na formulação, normas estabelecidas em setembro deste ano.
As pomadas modeladoras têm sido monitoradas pela agência desde o fim do ano passado, quando foram relatados episódios de cegueira temporária após o uso do produto. Em fevereiro deste ano, a Anvisa proibiu a comercialização do cosmético. Em setembro e novembro, também por meio de resoluções, foram cancelados os registros de 1.741 pomadas.
Queimaduras nos olhos por pomadas
Nesta quarta-feira, 27, a Secretária Municipal de Saúde do Rio de Janeiro divulgou balanço sobre atendimentos na emergência oftalmológica do Hospital Souza Aguiar e informou que 250 pessoas buscaram a unidade nos dias 25 e 26 com queimaduras na córnea.
As lesões podem ser causadas durante a retirada do produto no banho ou ao entrar no mar e na piscina. Entre os sintomas de queimaduras nas córneas, estão: dor, irritação e inchaço nos olhos, visão turva e cegueira temporária.
A Anvisa disse, em nota, que trabalha com os órgãos de saúde no estado do Rio de Janeiro para entender o ocorrido. “O objetivo é tomar as medidas necessárias para proteger a saúde pública e responder rapidamente aos riscos identificados.”
A agência mantém uma página dedicada às pomadas modeladoras autorizadas e outra com orientações sobre o produto.
Como evitar lesões causadas por pomadas modeladoras?
Nesta sexta-feira, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) emitiu alerta sobre as pomadas com recomendações para a população para evitar eventos adversos e o que fazer em caso de problemas oculares.
Além de utilizar cosméticos autorizados pela Anvisa, a população deve evitar formulações com metilcloroisotiazolinona (MCI) e metilsotiazolinona (MI). De acordo com a entidade, esses conservantes contêm elementos tóxicos que podem causar alergias e queimaduras nos olhos e na pele, toxicidade pulmonar e neurotoxicidade.
“Nos olhos, estes compostos químicos podem provocar blefarites (inflamações das pálpebras), conjuntivites (inflamação da conjuntiva) e ceratites (úlceras de córnea), bem como o grave comprometimento da visão”, disse, em nota.
O produto não deve ser usado em regiões próximas aos olhos e é importante não deixar que a pomada escorra ao entrar em contato com suor e água.
“Em casos de reações oculares adversas, deve-se lavar imediatamente a região afetada com soro fisiológico e procurar atendimento médico com urgência, de preferência com oftalmologista.”