Doença ainda sem cura, o Alzheimer foi descrito em 1906 e, até hoje, pesquisadores lutam para descobrir como preencher as lacunas sobre como evitá-lo e interromper sua progressão. Na busca por conexões, um grupo de cientistas da Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida do Texas A&M, nos Estados Unidos, resolveu investigar se gorduras poderiam ter algum tipo de relação e descobriu que o colesterol aumenta a toxicidade da beta-amilóide, um dos principais marcadores para a doença – a proteína se aglomera e leva a atrofias no cérebro -.
“O estudo descobriu que certos lipídios podem aumentar a toxicidade dos peptídeos beta-amilóides, que desempenham um papel no desenvolvimento da doença de Alzheimer”, disse Dmitry Kurouski, autor do estudo, em comunicado.
Os pesquisadores avaliaram três tipos de gorduras (fosfatidilcolina, cardiolipina e colesterol) e compararam com um cenário em que nenhum lipídio estava presente. “Isso causou um aumento significativo na toxicidade quando comparado à toxicidade de agregados formados em um ambiente livre de lipídios”, explicou Kurouski.
Estudos prévios já apontam que a dieta pode influenciar a composição de gordura na membrana dos neurônios e os achados desta pesquisa podem ajudar a nortear indicações alimentares para frear esse aumento na toxicidade da proteína ligada à doença.
“Na convergência de nutrição e saúde humana, uma dieta que limita a quantidade de colesterol, especialmente colesterol de lipoproteína de baixa densidade e fosfolipídios, pode ser importante na redução da capacidade desses lipídios de reagir com os peptídeos beta-amilóides.”
Kurouski completa que o ensaio apontou que algumas gorduras dietéticas, como os ácidos graxos ômega-3 – presentes em peixes como a sardinha, o atum e o salmão -, demonstraram ser importantes para manter a integridade e a função das membranas neuronais. “Além disso, estudos mostraram que intervenções dietéticas, como restrição calórica, podem alterar a composição lipídica das membranas neuronais em modelos animais”.
Diante dos resultados, os pesquisadores pretendem avançar para estudos com animais e, depois, com seres humanos, para observar os impactos dessa relação no “complexo ambiente do cérebro”.