No domingo 16, o queniano Eliud Kipchoge fez história ao vencer a Maratona de Berlim. Completou os 42,195 quilômetros em 2h1min39s. Superou o recorde mundial e mostrou que os limites do corpo ainda podem ser empurrados. Kipchoge baixou em um minuto e dezoito segundos a marca que pertencia ao seu compatriota Dennis Kimetto desde 2014. Fazia 49 anos que um atleta não superava o recorde em mais de um minuto. Aos 33 anos, Kipchoge é o maior maratonista de todos os tempos, um misto de Pelé com Michael Jordan. Campeão olímpico em 2016, no Rio, ganhou dez das onze provas relevantes que disputou.
O que o faz tão diferente? Sua forma de correr. Kipchoge, por sua técnica especial, gasta menos energia para mover pernas e braços do que atletas convencionais. Também o distingue seu alto nível de concentração, que se reflete na baixa oscilação de ritmo de prova. Tais virtudes o transformam no atleta mais credenciado para alcançar o Santo Graal da maratona: completar a prova em menos de duas horas. Em 2017, em ambiente de temperatura controlada, com outros corredores puxando o ritmo e em pista emborrachada, ele quase conseguiu. Cravou 2h25s. Está quase lá.
Publicado em VEJA de 26 de setembro de 2018, edição nº 2601