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‘A política de cotas atesta uma realidade vergonhosa: a total incompetência do Estado em prover o cidadão de educação de qualidade’, diz Rubens Bergamin

Por Da Redação Atualizado em 19 ago 2017, 06h00 - Publicado em 19 ago 2017, 06h00
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    O avanço das cotas

    Cota é uma palavra desagradável. Remédio também é. Não se toma remédio porque se gosta, mas porque é necessário. Remédios devem ser tomados por período determinado: melhorando a doença, suspende-se o uso. O mesmo serve para as cotas. A corajosa reportagem “Cotas? Melhor tê-­las” (16 de agosto) mostrou os prós e os contras dessa política, e o saldo foi positivo. Não é preciso envergonhar-se das cotas, nem de tomar remédios. A vergonha maior é simplesmente não fazer nada para corrigir distorções seculares.
    Amilton Luiz de Mello
    Londrina, PR

    Como bem salientou a reportagem, raça é uma invenção social, e não biológica. Aspectos fenotípicos (cor da pele, tipo de cabelo etc.) não são suficientes nem objetivos para afirmar que um indivíduo é negro. Em razão do exposto, entendo que o sistema de cotas raciais para acesso à universidade deveria ser substituído por outro cuja premissa única fosse a condição socioeconômica do candidato. Afinal, a pobreza não escolhe cor, embora seja mais prevalente, em nosso país, nas pessoas de pele mais escura.
    Walter de Souza Silva
    Belo Horizonte, MG

    Por causa da intensa miscigenação brasileira, a questão de cotas é extremamente complexa no Brasil. Segundo o jornalista americano H.L. Mencken (1880-1956), todo problema complexo tem uma solução clara, simples — e errada. É o caso.
    Gabriel Antonio de Oliveira
    Vitória, ES

    Considero um disparate a discussão de cotas no Brasil. Temos uma dívida indelével e impagável com negros ou pardos. Não importam os “mitos” que foram criados: negros, pardos e índios, mesmo que hoje apresentem resultados inferiores aos dos não cotistas, somente pela garra que possuem, podem sobressair aos demais. Os brasileiros devem muito a eles. Cotas, justas, deveriam existir na política: para pessoas que querem fazer o bem.
    Evilázio Magalhães Júnior
    Garça (SP), via smartphone

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    Não existe nada a ser comemorado. A política de cotas atesta uma realidade cruel e vergonhosa: a total incapacidade e incompetência do Estado em prover o cidadão de educação de qualidade. Isso em um país que apresenta uma das maiores cargas tributárias do mundo. Não temos nenhuma contrapartida do Estado nas áreas de educação, saúde e segurança pública. Seria motivo de vergonha, e não de orgulho, em qualquer país sério e decente. A base de tudo se encontra nas diferenças sociais, e não na cor da pele. Daí o porquê de eu ser a favor de cotas sociais, mas nunca de cotas raciais. Explico: em minha residência trabalha uma empregada doméstica que tem um único filho. Branco como ela. Apesar de ser pobre e morar em bairro violento de periferia, quando for tentar a universidade, ele terá as mesmas dificuldades de qualquer negro pobre de periferia, sem, contudo, poder contar com a benevolência das cotas raciais hoje aclamadas como sucesso de políticas inclusivas.
    Rubens Bergamin
    Sorocaba, SP


    J.R. Guzzo

    O artigo “Almoço grátis” (16 de agosto) é o retrato sem retoque da política brasileira. Sempre achei que o nosso problema político não são os próprios políticos, mas quem os elege.
    José Queiroz de Souza
    Ituiutaba, MG


    Guantánamo brasileira

    A reportagem “A Guantánamo tupiniquim” (16 de agosto) relata a rotina na penitenciária de segurança máxima de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. Vou ficar preocupado no dia em que souber que os presos estão elogiando as condições de segurança das prisões. Quer dizer que é possível impedir a entrada de celulares numa prisão? Por que, então, eles entram nas outras? E o preso Fernando Cabral exalta “direito respeitado” em Guantánamo e preferia estar lá, sem culpa formada nem previsão de julgamento, a estar em Campo Grande, onde é obrigado a cortar a barba? Mandem-no para lá!
    Paulo Vianna da Silva
    Florianópolis, SC

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    IGUALDADE - Diz a pesquisadora britânica Angela Saini: “No campo cerebral é mínima a diferença entre os sexos”
    IGUALDADE – Diz a pesquisadora britânica Angela Saini: “No campo cerebral é mínima a diferença entre os sexos” (André Camara/VEJA)

    “Ser diferente ou possuir diferenças não deve ser visto como inferioridade por homens e mulheres. Machismo ou feminismo não combinam com a ciência moderna.”
    Gustavo Sanchez Pacheco
    Rio de Janeiro, RJ


    Doria e Alckmin

    Impressiona a facilidade que o PSDB tem para a cisão interna e a discórdia entre suas lideranças (“Eles já nem se falam”, 16 de agosto). Os interesses pessoais sempre sobrepujam os projetos partidários de relevância nacional.
    Ludinei Picelli
    Londrina, PR

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    Quando um não quer, dois não brigam. Ao que parece, Alckmin e Doria não querem.
    Fausto Ferraz Filho
    São Paulo, SP


    Angela Saini

    Em parte tem razão a jornalista britânica Angela Saini (Entrevista, 16 de agosto) ao dizer que “cientistas, a começar por Darwin, erraram ao decretar a inferioridade da mulher sem considerar o contexto social em que ela estava inserida”. Não se deve esquecer, porém, que tudo começou com a Bíblia, ao criar a lenda de que Eva foi feita a partir da costela de Adão. Se tivesse sido tirada da cabeça do varão para participar e multiplicar sua inteligência, a situação seria outra.
    Elizio Nilo Caliman
    Brasília, DF

    Está mais do que na hora de acabar com essa pergunta anacrônica tola: quem é mais apto, o homem ou a mulher? Mais aptos existem entre homens, entre mulheres e entre homens e mulheres. Cada um tem o seu papel.
    Décio Antônio Damin
    Porto Alegre, RS


    Correção: embora o valor da arrecadação com multas de trânsito pela prefeitura de São Paulo tenha aumentado em 2017, como apontou a reportagem “Eles já nem se falam” (16 de agosto), o número de autuações caiu 13% entre janeiro e abril.

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    Publicado em VEJA de 23 de agosto de 2017, edição nº 2544

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