Na Netflix, A Barraca do Beijo repercutiu bem na audiência jovem americana — e na brasileira também. Por que acha que sua história pegou? Busquei algo diferente dos best-sellers jovens recentes. Não queria escrever um desses livros com uma tremenda mensagem de autoajuda nem histórias com vampiros e lobisomens — se bem que dessas eu até gosto. Queria algo que representasse a vida dos adolescentes. Tudo surgiu na minha cabeça com uma ideia simples: os personagens tinham de se beijar numa barraca do beijo. Não sabia o que iria acontecer depois, mas as ideias fluíram.
Como se leva uma geração tão ligada no celular de volta aos livros? Os jovens hoje são muito mais conectados com o mundo e gostam de ler e debater diferentes temas. Não são mais aquela geração que é apaixonada por um gênero específico, por exemplo. O segredo é falar sobre eles, mostrar sua rotina pura e simples: os amores, as dificuldades escolares, as relações fortes de amizade, coisas com que eles possam se identificar. Simplesmente escrevi um livro que eu mesma adoraria ler.
Bem diferente do seu livro, 13 Reasons Why, de Jay Asher, também adaptado pela Netflix, aborda o suicídio e o bullying. O que acha de obras com essa pegada? É importante discutir esses assuntos. Vi 13 Reasons e gostei. Houve muito barulho, e não acho que o caminho seja proibir os filhos de assistir à série, como alguns pais fizeram. É preciso diálogo dentro de casa. Mas eu não escreveria um livro como esse, que deixa o leitor de baixo-astral.
Como é ser, aos 23 anos, autora de um best-seller comprado pela Netflix? É bizarro. Estou emocionada com a recepção. Recebo até mensagens de fãs brasileiros. Nunca visitei o Brasil, mas eles me mandam vídeos em português. Preciso aprender a pronunciar as palavras certas para falar com eles, mas não consigo.
Publicado em VEJA de 20 de junho de 2018, edição nº 2587