O executivo chinês nem tentou dissimular a sua satisfação depois de ter dado um lance de 7,2 bilhões de reais. Representando a State Power Investment, arrematou o controle da Usina Hidrelétrica de São Simão, em Minas Gerais, anteriormente controlada pela Cemig. O leilão de quatro usinas da estatal mineira rendeu 12,1 bilhões de reais. As outras três hidrelétricas ficaram com a italiana Enel e com a belgo-francesa Engie (duas delas). Apesar da resistência dos políticos de Minas (tucanos e petistas), o leilão marcou a retomada das privatizações no país. As empresas têm investido bilhões e bilhões no setor elétrico brasileiro. Para as estatais do gigante oriental, trata-se uma maneira de diversificar suas operações pelo mundo. Ao longo de 2017, estima-se que os chineses tenham depositado 20 bilhões de dólares em projetos no Brasil. Houve também notícias favoráveis no setor de petróleo. Em setembro e outubro, as rodadas de licitação de áreas de exploração arrecadaram 11 bilhões de reais. O dinheiro dessas concessões ajudou o governo a respirar, mas ainda assim o déficit nas contas públicas fechou o ano ao redor de 160 bilhões de reais. O apetite dos estrangeiros, dos chineses em especial, será testado novamente em 2018, no leilão de projetos como o da Ferrovia Norte-Sul, previsto para fevereiro. A melhora no humor dos empresários foi sentida no mercado acionário. Entre as estreantes na bolsa de valores estiveram a empresa aérea Azul, a rede de varejo Carrefour e a locadora de carros Movida. Em 13 de dezembro, outro fato simbólico: a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, começou a negociar ações na bolsa e arrecadou 5 bilhões de reais. Foi a maior abertura de capital desde 2013. Os juros baixos deverão incentivar os negócios com ações. Se assim for, as empresas nacionais terão acesso a novas fontes de recursos para financiar os seus investimentos. A economia agradece.
Publicado em VEJA de 27 de dezembro de 2017, edição nº 2562