Com a saúde frágil, o papa Francisco, de 85 anos, tem sofrido com os ligamentos do joelho, cujas dores o impedem de ficar em pé e o obrigam a usar uma cadeira de rodas para se locomover. Além de causar comoção, a cena do pontífice sendo empurrado para cima e para baixo por um ajudante de ordens levou a outras especulações sobre o seu futuro à frente da Santa Sé. Uma série de recentes decisões do argentino Jorge Mario Bergoglio alimenta rumores de uma eventual renúncia, como fez Bento XVI em 2013. Evidentemente, não há ainda passos concretos, mas os gestos de agora servem para esquentar o disse me disse nos corredores do Vaticano, divulgado pela imprensa italiana. O pontífice anunciou um consistório no dia 27 de agosto para ordenar 21 novos cardeais. Dezesseis deles têm menos de 80 anos e são elegíveis para votar em um conclave, como são chamadas as grandes reuniões para a eleição papal. Para esquentar ainda mais as teorias conspiratórias, Francisco viaja no dia seguinte para a cidade de L’Aquila, a fim de participar de um evento religioso, a Festa do Perdão Celestino, em homenagem ao papa Celestino V. Eleito em julho de 1294, ele renunciaria quase cinco meses depois. Em 2009, após um terremoto, Bento XVI também esteve lá e prestou homenagem ao longínquo antecessor. Francisco estaria dando sinais parecidos com os de Joseph Ratzinger? Talvez sim. Se de fato ele se retirar, a humanidade, espantada, teria pela primeira vez três papas simultâneos — dois eméritos, e um novo, ungido ao trono de Pedro.
Publicado em VEJA de 15 de junho de 2022, edição nº 2793