Um panelaço contra o presidente Jair Bolsonaro – batizado de “Vozes da janela contra Bolsonaro” – está sendo convocado nas redes sociais para as 20h30 desta quarta-feira, 18, um dia depois de manifestações espontâneas desse tipo terem sido verificadas em bairros nobres de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
O ato desta quarta-feira já estava sendo convocado desde a sexta-feira 13, quando movimentos, entidades e partidos de esquerda anunciaram o cancelamento das manifestações de rua previstas para o dia 18 em razão do avanço do coronavírus no país. “Basta! Fora, Bolsonaro. Manifeste-se de sua janela. Espalhe essa ideia, compartilhe com cinco amigos”, diz um dos posts mais divulgados nas redes sociais.
Como mostra o Radar, bolsonaristas, com o apoio dos filhos do presidente, preparam uma resposta. A estratégia é lançar palavras de ordem contra o Congresso Nacional, o mesmo mote que levou às ruas manifestantes em apoio ao governo no dia 15 de março, mesmo com recomendações das autoridades de saúde pública que fossem evitadas aglomerações – o próprio presidente chegou a cumprimentar manifestantes em frente ao Palácio do Planalto.
O panelaço de terça-feira ocorreu poucas horas depois de o deputado distrital de Brasília Leandro Grass, da Rede, ter apresentado ao Congresso Nacional o primeiro pedido de impeachment contra Bolsonaro após o início da crise envolvendo o coronavírus. De manhã, Bolsonaro voltou a afirmar que há “uma certa histeria” em relação à doença. “Esse vírus trouxe uma certa histeria. Tem alguns governadores, no meu entender, posso até estar errado, que estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia”, disse em entrevista à rádio Super Tupi. “A vida continua, não tem que ter histeria. Não é porque tem uma aglomeração de pessoas aqui e acolá esporadicamente que tem que ser atacado exatamente isso. Tirar a histeria. Agora, o que acontece? Prejudica”, acrescentou.
A noite, porém, o governo anunciou que solicitará ao Congresso o reconhecimento do estado de calamidade pública no país em razão da doença – a ideia é que a medida vigore até 31 de dezembro deste ano. “O reconhecimento do estado de calamidade pública tem suporte no disposto no art. 65 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) o qual dispensa a União do atingimento da meta de resultado fiscal prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e, em consequência, da limitação de empenho prevista na LRF”, diz nota da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.