‘Único cargo que aceitaria é o de embaixador’, diz Olavo de Carvalho
Edição de VEJA desta semana traz perfil sobre o escritor que indicou dois ministros para compor o governo de Jair Bolsonaro; ouça trechos
O filósofo Olavo de Carvalho, 71, foi o responsável pelas indicações de dois ministros para o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). As nomeações de Ernesto Araújo como ministro das Relações Exteriores e de Ricardo Vélez Rodríguez para a pasta da Educação partiram do escritor, cujos livros se tornaram o farol da direita radical no Brasil. Nesta semana, a edição de VEJA narra a trajetória irrequieta de Olavo, dos tempos em que era comunista no colégio até a redenção como o professor de um curso online que ministra de sua casa nos Estados Unidos. Ouça alguns trechos da entrevista:
Cargos no governo
“O único cargo que aceitaria é o de embaixador. Não estou me oferecendo para isso. Odiaria ser embaixador. Não posso nem fumar meu cachimbo lá. Mas aceitaria pelo bem do Brasil, porque o país precisa de dinheiro e tenho certeza que convenceria o [presidente americano Donald] Trump a botar dinheiro aqui.”
Confissões na igreja
“Se existe uma verdade fundamental, ela tem que estar de acordo com o ensinamento da igreja, ainda que você não perceba. Esse pecado cometi durante um tempo, portanto, tive que me confessar. Mas isso não é problema, foram pecados do tipo passar a mão na bunda da empregada.”
Humilhações
“Quando completei dez anos nos EUA, eu falei: ‘o que está acontecendo? Estou aqui há dez anos, ninguém me humilhou, ninguém me xingou, ninguém me deu um pontapé na bunda, estou ficando traumatizado já’. No Brasil, qualquer caixa de banco acha que é o papa, te humilha. O tempo todo me senti humilhado. Vendedor de cachorro quente na esquina, sargento de polícia, todo mundo aí é gente importante.”
Internação no hospício
“Eu fumei umas maconhas e fiquei impressionado com os efeitos. Deu uma coisa muito estranha, eu estava com uma taquicardia imensa, absolutamente calmo, e com umas visões. Então, eu fui para um psiquiatra pedir para ser internado.”
Há versões divergentes, de que Olavo foi internado e saiu sem ter recebido alta. A reportagem procurou o psiquiatra Juarez Strachman, responsável pelo hospital na época, que disse não se lembrar do caso de Olavo. Strachman tem contato com o filósofo até hoje.
Sobre a controvérsia, Olavo diz: “Entre pacientes de um hospital psiquiátrico há toda uma cultura sobre o tempo de tratamento e alta do hospital. E o Renato Pompeu era um desses, ele inventou que eu tinha saído do hospital sem alta, conversa mole”.
O jornalista Renato Pompeu esteve internado na clínica no mesmo período que Olavo e levantou suspeitas sobre a versão que o filósofo conta sobre o período.