Prefeito regional de Pinheiros, bairro nobre da zona oeste de São Paulo, Paulo Mathias (PSDB) fez três transmissões ao vivo no Facebook na noite deste domingo com críticas fortes à Rede Globo e ao músico Caetano Veloso em razão de reportagem do Fantástico a respeito da controvérsia causada pela exposição Queermuseu, no espaço cultural Santander, em Porto Alegre, e pela performance La Bête, do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) – o cantor foi entrevistado e criticou o que considerou censura.
O ator Fábio Assunção também foi atacado por integrar, assim como Caetano, o movimento “342 artes”, que contesta a reação conservadora a essas manifestações artísticas. A Queermuseu foi encerrada antes do previsto depois que grupos protestaram contra obras que trazem imagens de nudismo e sexo, inclusive algumas em que os críticos viram pedofilia. Já a La Bête teve a participação de uma criança de cinco anos de idade, que, acompanhada da mãe, tocou o artista Wagner Schwartz, que estava nu.
Mathias, aliado do prefeito João Doria (PSDB), publicou dois dos vídeos em sua conta pessoal na rede e um terceiro na página do Movimento Brasil Livre (MBL).
Somando cerca de quarenta minutos ao todo, as imagens trazem o prefeito regional classificando como “papelão”, “vergonha”, “lorota”, “tosca” e “hipócrita” a matéria exibida pelo programa da emissora um pouco antes, completando que o Fantástico “não sabe aonde se meteu”. A VEJA Mathias afirmou que a intenção das críticas era cobrar da TV Globo que exibisse “o outro lado” da questão em vez de colocar as críticas à performance apenas como censura. “Não é censura, mas sim liberdade de expressão de alguém que não concorda com aquilo”, afirmou.
O prefeito regional de Pinheiros criticou a postura de Caetano Veloso, questionando a presença de uma criança na performance do MAM. “Que raio de criança o senhor Caetano Veloso acha que vai formar? Colocando uma criança de cinco ou seis anos para apalpar um homem nu?”, diz, na transmissão ao vivo.
Mathias chegou a relacionar o cantor e o ator Fábio Assunção ao consumo de drogas ilícitas. “Esse Fábio Assunção agora deve estar cheirando um, fumando, bebendo…” e “Eu não fico o dia fumando maconha, viu seu Caetano Veloso?”, são algumas das frases. O tucano também questiona porque os artistas não vêm a público falar sobre leis de incentivo à cultura, em especial a Lei Rouanet, dando a entender que eles “vivem” dos recursos dos fundos de fomento público.
Segundo o prefeito regional, as afirmações são o “desabafo de um brasileiro comum, não tem nada a ver com o cargo que ocupo” e que as menções ao uso indevido de substâncias ilegais por parte de Caetano e Assunção foram feitas “por eles estarem defendendo valores completamente opostos aos da sociedade brasileira” e que não dizem respeito “a nenhuma situação específica” da qual ele tenha conhecimento.
Procuradas por VEJA, a Prefeitura de São Paulo e a TV Globo disseram que não iriam comentar as declarações do prefeito regional. A gestão Doria afirmou que a declaração de Mathias foi feita em redes sociais pessoais, sem relação com a administração municipal. As assessorias de Caetano Veloso e Fábio Assunção não responderam ao contato feito pela reportagem.
Veja abaixo os vídeos publicados por Paulo Mathias: