A Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) decidiu nesta terça-feira, 1, soltar Suelen Priscila de Oliveira, suspeita de integrar o grupo que invadiu celulares de autoridades e foi alvo de duas fases da Operação Spoofing, da Polícia Federal. Comunicada nesta quarta-feira, 2, à primeira instância da Justiça Federal do Distrito Federal, responsável pela prisão, a decisão foi tomada por unanimidade no colegiado, composto por três desembargadores federais.
Suelen é mulher de outro preso na Spoofing, o ex-DJ Gustavo Henrique Elias dos Santos, que teve a prisão mantida pela turma do TRF1. Ela está presa na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colméia, que fica no Gama. Segundo o advogado Ariovaldo Moreira, que defende o casal, o alvará de soltura deve ser cumprido ainda nesta quarta. Se for solta hoje, Suelen passará a noite em um hotel antes de voltar a São Paulo.
Os magistrados decidiram que ela poderá responder ao inquérito em liberdade e impuseram medidas cautelares como entrega de passaporte, proibição de se ausentar da comarca onde vive sem autorização da Justiça Federal e de se comunicar com outros investigados, comparecimento mensal à Justiça e recolhimento domiciliar noturno, entre 20h e 6h, nos fins de semana e feriados.
Gustavo e Suelen foram presos na primeira fase da Spoofing, em julho, em São Paulo. A polícia encontrou no apartamento do casal 100.000 reais em dinheiro vivo. As contas bancárias dos dois movimentaram 627.000 reais em dois períodos de dois meses, valor incompatível com a renda declarada por eles. Essas informações levantaram a suspeita de que pode haver um financiador por trás das atividades criminosas da turma — o que eles negam.
À PF, Suelen Priscila de Oliveira afirmou que não tinha nenhum conhecimento sobre os ataques hacker e que o dinheiro apreendido em sua casa é fruto do trabalho de Santos com a comercialização de bitcoins, a compra e venda de veículos e a realização de shows semanais como DJ.
Gustavo Henrique Elias dos Santos é amigo de Walter Delgatti Neto, o Vermelho, apontado pela PF como líder do grupo de hackers. Delgatti confessou ter invadido os celulares de autoridades, como o ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores da Operação Lava Jato, e vazado mensagens do Telegram ao site The Intercept Brasil.