Possíveis adversários na eleição presidencial de 2022, o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, deram mais demonstrações de proximidade em discursos nesta quarta-feira, 19. A troca de afagos ocorreu durante cerimônia na capital paulista para assinatura de um compromisso da Caixa Econômica Federal com o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), que prevê investimentos de 10 milhões de reais em atividades esportivas, culturais e educacionais a pessoas com deficiência pelos próximos quatro anos.
Um dos governadores que mais demonstram apoio à reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro, Doria declarou que fará o mesmo com as iniciativas do presidente “que forem boas para o Brasil”.
“Não haverá nenhum sentido partidário e ideológico, haverá uma única bandeira, a bandeira brasileira”, afirmou Doria. O tucano disse em entrevista a VEJA que não será candidato à reeleição ao governo paulista, enquanto seu grupo político passou a comandar o PSDB, com intenção de construir sua candidatura presidencial. Já Bolsonaro, também em entrevista a VEJA, citou como única possibilidade para “ir para o sacrifício” (e abrir mão da reeleição) a aprovação de uma reforma política pelo Congresso.
Doria também afirmou que torce para que Bolsonaro faça um “bom governo” e recupere a economia. “Nós aqui entendemos que a nossa missão no governo é de ajudar o Brasil, e ajudar o Brasil é torcer para que o governo Bolsonaro faça um bom governo. Um governo justo, próspero, que traga de volta a economia gerando desenvolvimento, emprego e oportunidades”, declarou.
Em sua fala, depois da de João Doria, Jair Bolsonaro declarou que “todos nós temos as nossas ambições” e ponderou que “uma amizade nasceu” entre os dois.
“Todos nós temos as nossas ambições, os nossos propósitos e a vontade de servir a nossa pátria. Esse nosso relacionamento muito ajuda o nosso estado e o nosso querido Brasil”, disse o presidente, que ressaltou a proposta de construir um colégio militar no Campo de Marte, em parceria com o governo e a prefeitura de São Paulo.
Bem a seu modo, Jair Bolsonaro ainda brincou com João Doria, dizendo que eles talvez sejam “parentes”, referência aos fatos de sua família e a da primeira-dama paulista, Bia Doria, terem origem na cidade de Lucca, na Itália, e de o sogro do presidente e o pai de Doria serem nordestinos.
“Se me permite, João Doria, não tem nada de política aqui, mas Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”, declarou o presidente ao finalizar sua fala, que durou a metade dos dez minutos usados por Doria.
Além de Jair Bolsonaro, Bia e João Doria, o evento no Centro Paralimpico em São Paulo teve a presença da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, do ministro da Cidadania, Osmar Terra, do presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, e os presidentes da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal de São Paulo, deputado estadual Cauê Macris (PSDB) e vereador Eduardo Tuma (PSDB), respectivamente.
O compromisso entre a Caixa e o CPB prevê o investimento de 10 milhões de reais do Fundo Socioambiental do banco estatal até 2023. O projeto atenderá de crianças a idosos com deficiência, além de alunos das redes públicas estadual e municipal.