O presidente Jair Bolsonaro declarou na noite de domingo, 17, em Washington, que seu governo terá a missão de “desconstruir” e “desfazer muita coisa” no Brasil, em uma referência às obras e projetos que considera ter seguido a lógica e o propósito “comunista”. A mensagem teve como alvos oito americanos conservadores, o guru da ala civil de seu governo, Olavo de Carvalho, e os seis ministros que o acompanham nesta sua primeira visita internacional.
Bolsonaro vai se encontrar na terça-feira, 19, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca.
“O Brasil não é um terreno aberto, onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo”, afirmou, conforme vídeo divulgado pelo seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), em seu perfil no Twitter. “Nós temos de desconstruir muita coisa, de desfazer muita coisa para depois recomeçarmos a fazer”, completou o presidente, durante jantar oferecido aos formadores de opinião conservadores na Embaixada do Brasil em Washington.
A organização do evento colocou Olavo de Carvalho à direita do presidente brasileiro, lugar tradicionalmente reservado ao convidado de honra. Na noite anterior, em outro jantar oferecido pelo ex-estrategista da Casa Branca Steve Bannon ao deputado Eduardo Bolsonaro, Carvalho havia dito que, se o governo continuar como está, cairá em seis meses.
Na sala de jantar da embaixada, ciente ou não dessa declaração, Bolsonaro fez questão de homenagear seu convidado especial, dizendo ser Carvalho o responsável, “em grande parte, pela revolução que estamos vivendo”. Entre seus elogios, porém, confundiu-se com as expressões “ter admiração a” e “ser admirado por”. Ovalo de Carvalho não deu sinais de ter percebido.
“O que sempre sonhei foi libertar o Brasil da influência nefasta da esquerda. Um dos grandes admiradores meus está aqui à minha direita: o professor Olavo de Carvalho, que é admirador de muitos jovens no Brasil”, disse.
Bolsonaro apresentou-se a seus convivas como o brasileiro ungido pela “vontade de Deus” para estancar a suposta caminhada do Brasil para “o socialismo, o comunismo”. Reiterou a eles o lema bíblico de sua campanha eleitoral: “Conheças a verdade e a verdade te libertará”, do capítulo 8 do Evangelho de São João.
“Confesso que a Presidência aconteceu. Há quatro anos, quando eu decidi me candidatar a presidente, nem minha mulher acreditava”, afirmou. “Que eu sirva para ser um ponto de inflexão, já estou muito feliz”, completou.
À mesa, estavam presentes Gerald Brant, diretor do fundo de investimentos Pantera Capital, e Steve Bannon, que caiu em desgraça e foi demitido da Casa Branca pelo presidente americano, Donald Trump. O acadêmico conservador americano Walter Russell Mead, a colunista e membro do conselho editorial do Wall Street Journal, Mary Anastasia O’Grady, e o editor da revista literária The New Criterion, Roger Kimball também estavam presentes.
A lista de americanos convidados foi fechada por Chris Buskirk, editor do site conservador American Greatness, David Shedd, pesquisador da Fundação Heritage, e Matt Schlapp, presidente da União Conservadora Americana.