O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, cometeu um ato falho na entrevista à rádio CBN, veiculada na noite desta quinta-feira (11). Ao fazer um discurso contra os votos de pessoas que cometem violência contra seus adversários, o presidenciável disse que ele é vítima do clima de polarização do país. “Sou vítima daquilo que prego”, afirmou.
Ele voltou a se esquivar de responsabilização sobre ataques que teriam sido cometidos por apoiadores dele, como o assassinato do mestre de capoeira Moa do Katendê, na Bahia.
“Foram 48 milhões de pessoas que votaram em mim, você quer que eu me responsabilize por elas?”, questionou. “Me desculpa, quem levou a facada foi eu. Lamento isso aí (atos de violência). Condenar, condeno sim.”
O candidato também comentou sobre a eventual composição de seu ministério e a participação feminina em cargos do Executivo caso seja eleito. “O que nós temos é que um homem vai estar no ministério, na Defesa. O resto pode ter gays, mulheres e afrodescendentes”, afirmou. Ele também disse que o mercado deve decidir a diferença de salários entre homens e mulheres.
Bolsonaro disse ainda ser contrário à reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer (MDB). “É uma colcha de retalhos”, disse. O candidato do PSL também disse não ter fechado questão em torno da idade mínima e defendeu acabar com as incorporações nos salários de servidores públicos.
Na mesma entrevista, o candidato relativizou o número de mortos e desaparecidos durante a citadura militar (1964-1985) e se negou a comentar os crimes cometidos pelo coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-chefe do DOI-Codi, órgão de repressão do regime, e condenado por tortura. Para o candidato, o militar não teve “nenhuma condenação transitada em julgado” — quando não é mais possível recorrer.
RedeTV!
Em outra entrevista, desta vez gravada e exibida na RedeTV!, o candidato fez acenos ao eleitorado mais pobre e citou sua proposta de conceder um 13º a quem recebe o Bolsa Família e combater fraudes. Ele também criticou o programa Mais Médicos e disse que não manteria o modelo atual.
Questionado sobre a regulação da mídia, Bolsonaro afirmou que “a imprensa que realmente estiver voltada com a verdade vai ser valorizada.” Ao falar sobre drogas, disse que não vai permitir a liberação de entorpecentes e também voltou a defender sua proposta de facilitar o acesso a armas pela população.
Sobre o agronegócio, o candidato prometeu tipificar como “terrorismo” as ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), prometendo ainda uma legislação trabalhista diferente para o campo. Ao falar de educação, Bolsonaro pregou contra a chamada “ideologia de gênero” e defendeu “excluir” um estudante que agrida o professor.
Na entrevista, Bolsonaro reforçou que geração de energia, Banco do Brasil, Caixa e Banco do Nordeste serão preservados de privatização.
(com Estadão Conteúdo)