No governo, Sergio Moro não repete o brilho dos tempos de magistrado. O pacote anticrime, que é a sua prioridade no Ministério da Justiça, não avançou no Congresso e, a cada semana, vem sendo desidratado pelos parlamentares.
Moro também engoliu muitos sapos, como ter de desfazer a nomeação da cientista política Ilona Szabó para um conselho após críticas do presidente e aceitar de volta a Funai, que ele deixou claro que não queria. Bolsonaro ainda interferiu em órgãos de fiscalização e demonstrou interesse em mexer em superintendências da Polícia Federal, passando por cima do ministro. Como se não bastasse, Moro tem sido alvo de uma intensa exposição negativa por causa de diálogos que revelam que ele agiu de forma irregular quando foi juiz da Lava-Jato. Apesar de tudo, continua com uma popularidade alta, conforme mostra a pesquisa VEJA/FSB.
No levantamento, foi apontado como o melhor ministro da gestão por 29% dos entrevistados. Outros 15% responderam “nenhum”, enquanto Paulo Guedes (Economia) foi lembrado por 6% — os demais não passaram de 1%. Moro é mais bem-visto entre homens de 41 a 59 anos com ensino superior completo e renda mensal acima de cinco salários mínimos. Quando são instados a apontar a área que mais melhorou na gestão Bolsonaro, 34% dos ouvidos citam o combate à corrupção e 13% mencionam a segurança. “Moro virou um símbolo da luta contra o crime, e essa imagem permanece forte na cabeça das pessoas, ainda que ele não tenha realizado muita coisa no Ministério”, afirma Alon Feuerwerker, da FSB. Seu potencial político também é alto. No cenário em que é apresentado como presidenciável, no lugar de Bolsonaro, lidera com 27%. Mas é uma folga menor que a do presidente diante da mesma concorrência (leia a reportagem).
Publicado em VEJA de 28 de agosto de 2019, edição nº 2649