Romário: “Defendo o Bolsonaro, mas não sou bolsominion”
Líder nas pesquisas para o Senado pelo Rio, o ex-jogador já escondeu o presidente no seu programa eleitoral, mas se diz alinhado ao conservadorismo dele
Circularam nas redes sociais fotos antigas do senhor com o ex-presidente Lula. Isso ajudou ou atrapalhou a campanha? Voto com Bolsonaro desde que ele assumiu o mandato. Sempre votei com o governo federal e sou alinhado ao governador do Rio porque é interessante para o povo. Defendo o Bolsonaro, mas não sou bolsominion. Acredito nas propostas dele.
Há uma disputa entre os candidatos ao Senado para ver quem se apresenta como o mais bolsonarista? É fácil começar a apoiar agora o presidente e querer destaque. Flávio Bolsonaro foi o primeiro a entender que eu teria todas as condições de ser o candidato do presidente no Rio, mas respeito as demais candidaturas. No mundo ideal, eu seria o candidato do PL e de todos os deputados federais, estaduais e partidos coligados. Mas não tenho mágoas.
Se o senhor é tão bolsonarista, por que não andou a ideia de colocar a ex-esposa do presidente Rogéria Bolsonaro como sua suplente? Quando eu entrei no PL, há dois anos, concordei que a primeira suplência seria do partido. Independentemente disso, sou um senador que apoia o presidente. Votei com o governo em 92% das vezes nos últimos quatro anos e ainda dizem que eu não tenho nada a ver com Bolsonaro?
O que tanto o aproxima do presidente? Ele defende a família, e isso é muito importante para mim. É contrário ao aborto e à legalização das drogas, o que condiz muito com a minha maneira de ver o mundo. É espontâneo, possui problemas e defeitos como todos nós, mas quer ver um Brasil que ande para a frente.
Seu mandato foi marcado por pautas voltadas à pessoa com deficiência e o senhor tem pessoas com Down e autismo como funcionárias. Como é essa experiência? Meu grande empurrão veio de casa, da minha filha de 17 anos que tem síndrome de Down. Ainda falta muito para que as pessoas com deficiência sejam realmente incluídas no mercado de trabalho, e tenho orgulho de defender essa pauta. Não faço demagogia, contrato meus funcionários pela competência. O trabalho entregue pelas minhas duas funcionárias, uma com síndrome de Down e a outra com autismo, é de excelência.
Para um ex-jogador, a proximidade da Copa do Mundo com as eleições ajuda ou atrapalha? Isso me favorece 100%. Não tem como falar em futebol sem falar do Romário. É todo o dia, na internet, nas rádios, jornais e televisão tem algum tema relacionado ao futebol. E não tem como deixar de falar da Copa de 94, da minha participação na seleção. Isso é muito importante, um presente do Papai do Céu. Um gol de placa.
Publicado em VEJA de 28 de setembro de 2022, edição nº 2808