O clima esquentou na tarde desta terça-feira, durante reunião da bancada do PSDB na Câmara. Tucanos da ala governista do partido bateram boca com o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE), e chegaram a trocar ameaças de agressão com parlamentares do grupo que defende a saída do partido do governo do presidente Michel Temer.
A reunião foi convocada pelo líder do PSDB na Casa, deputado Ricardo Tripoli (SP), para apresentar a empresa Ideia Big Data. A companhia foi contratada por Tasso nas últimas semanas para cuidar da comunicação e das redes sociais do partido.
A discussão começou quando os deputados Domingos Sávio (MG), Paulo Abi-Ackel (MG) e Giuseppe Vecci (GO) criticaram a contratação da empresa. Os três parlamentares são aliados do senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado da legenda.
“Coloquei que era um absurdo contratar uma empresa que fez uma campanha com ataques que considero criminosos ao PSDB de Minas”, contou Sávio à reportagem. Segundo ele, a firma atuou na campanha que elegeu em 2014 o atual governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), adversário do PSDB no Estado.
Domingos Sávio disse ainda que a empresa tem ligações com a agência de propaganda Pepper, contratada pela campanha eleitoral da ex-presidente Dilma Rousseff em 2014 e que atualmente é investigada pela Operação Acrônimo por suspeita de lavagem de dinheiro.
O deputado mineiro acusou o dono da empresa de fazer postagem nas redes sociais atacando tucanos. “O dono dessa empresa vem fazendo, por exemplo, postagens com ataque ao governador (de São Paulo) Geraldo Alckmin”, afirmou. “Mostrei que era inaceitável contratar uma empresa dessas”, disse.
Os ânimos se exaltaram quando Vecci questionou Tasso sobre se ele seria candidato a presidente nacional do partido na eleição interna marcada para dezembro. “O Tasso parece que ficou nervoso com essa pergunta, mas não quis responder. Nesse momento nosso tom de voz e do Tasso aumentou”, relatou Sávio.
Integrante da ala oposicionista do PSDB, o deputado Daniel Coelho (PE) confirmou que, nesse momento, o clima da reunião piorou e alguns deputados se levantaram para tentar pedir que Sávio, Vecci e Abi-Ackel parassem de “tumultuar”. “O Tasso só respondeu: ‘esse não é meu PSDB’. Eles só queriam tumultuar”, criticou o pernambucano.
Segundo Domingos Sávio, após essa confusão, ele e outros dois deputados da ala governista deixaram a reunião. “Se ele é candidato (a presidente do PSDB), as pessoas têm direito de saber. E se for, ele tem que se afastar do comando do partido”, disse.
‘Reação delirante’, diz Tasso
Após a tumultuada reunião, Tasso Jereissati classificou a confusão entre ele e deputados do PSDB como “uma reação delirante” e “uma coisa meio atabalhoada”.
“Foi uma reação delirante de Minas e Goiás. Não entendi, uma coisa atabalhoada. Esse PSDB desses caras não é o meu PSDB. Mas enquanto eu for presidente interino vou continuar até o fim com o projeto de reestruturar o PSDB”, comentou Tasso. Ele reafirmou que manterá a contratação do publicitário, que ele diz ter conhecido como assistente do ex-ministro falecido Sérgio Motta.