A CPI da Braskem vai votar seu relatório final na próxima terça-feira. Criada para investigar as responsabilidades pelo acidente ambiental que resultou no afundamento de bairros de Maceió, em Alagoas, a comissão não teve o fim que seu idealizador imaginou.
Depois de três meses de funcionamento, de ouvir mais de 20 testemunhas e de realizar várias diligências, o relator, deputado Rogério Carvalho (PT-SE), concluiu a apuração, detalhada em mais de 1300 páginas, sugerindo o indiciamento de oito executivos da Braskem.
Desde 1970, a empresa minerava na área atingida da capital alagoana. Em 2018, o terreno começou a afundar, deixando 55 mil pessoas desabrigadas. Os diretores são acusados de ‘lavra ambiciosa’, omissão de relatórios e prestação de informações falsas.
Mentor da CPI, o senador Renan Calheiros, pode–se dizer, termina como o principal derrotado. Por meses, ele articulou a criação da comissão que tinha um claro objetivo político: desgastar a imagem do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o ‘JHC’, aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Adversário de Renan, JHC vai disputar a reeleição em outubro na condição de favorito contra o deputado federal Rafael Brito (MDB), que foi secretário de Educação na gestão Renan Filho em Alagoas. Em sua gestão, JHC fechou um acordo com a Braskem e recebeu 1,7 bilhão de reais de indenização para o município.
Renan pretendia usar a CPI para mostrar que o acordo foi prejudicial ao município. Sem força política, o senador não conseguiu a relatoria, não obteve sucesso em convocar o prefeito e, de quebra, ainda tem assistido o presidente Lula se aproximar de Arthur Lira, seu maior desafeto.
A CPI da Braskem é mais uma investigação em que perde-se tempo e dinheiro para não se chegar a nada. Nesta lista estão as comissões das Lojas Americanas e a do MST — só para citar duas mais recentes. Foi-se o tempo em que o Congresso se empenhava em investigações séria, apontando culpados e subsidiando o Ministério Público para efetivamente punir criminosos.