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Queiroga: “Não existe responsabilidade social sem responsabilidade fiscal”

Em entrevista a VEJA, Marcelo Queiroga defende legado de sua pasta e rebate críticas da equipe de transição de Lula

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 dez 2022, 11h15 - Publicado em 4 dez 2022, 11h12
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  • Há quem atribua a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro à postura negacionista que teria resultado nas quase 700 mil mortes durante a pandemia do coronavírus. Para o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, essa avaliação não corresponde à realidade. Em seus últimos dias no comando da pasta, o ministro rebate as críticas feitas pela equipe de transição, faz um balanço positivo de sua gestão e ainda afirma que o governo deixará um legado na área:

    A postura negacionista do presidente é apontada como responsável por parte das mortes registradas durante a pandemia. O que se fala é de um suposto negacionismo. Se não houvesse o questionamento, a ciência não evoluiria nunca. No começo da pandemia dizia-se que uma dose de uma determinada vacina era o suficiente. Quem questionasse isso seria negacionista. O questionamento faz parte da própria ciência, o presidente tem essa postura, ele é um indivíduo combativo. As pessoas às vezes pegam uma fala ou outra do presidente, muito espontâneo, e aí ficam desgastando ele, mas esse é o jeito dele mesmo.

    A equipe de transição do presidente Lula, formada por quatro ex-ministros da Saúde do PT, diz que há um quadro de ‘caos absoluto’ na Saúde. A gente já viu isso no período de 2003 até 2015. Essa narrativa é normal. Só Tomé de Souza que não falou do antecessor. Basta que qualquer cidadão brasileiro vá hoje a uma unidade básica de saúde, vá a um hospital, que vai verificar que este tal caos propalado não existe. O Brasil tem 7.000 hospitais, tem 500 mil leitos, 50 mil leitos de terapia intensiva, temos 40% de leitos disponíveis. É sempre assim. Quando apareceu a variante delta, ‘colapso no sistema de sáude’. Houve? Com a ômicron, ‘colapso no atendimento de saúde’. Teve? Agora de novo, ‘colapso no sistema de saúde’. Cadê o colapso?

    O Conselho Nacional de Saúde informou que o país tem 11,6 milhões de cirurgias represadas em função da pandemia. Esses dados de 11,6 milhões eu não sei de onde eles tiram. É possível que existam. Essa questão de fila de cirurgia existia antes da pandemia? E o que o Conselho Nacional de Saúde dizia? Depois que um determinado governo que sofreu impeachment saiu daqui eles passaram a recomendar a desaprovação das contas de todos os ministros. Conselho Nacional de Saúde é para fazer o controle social do SUS, não é para fazer militância política de esquerda.

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    O teto de gastos atrapalha a gestão?  Não existe responsabilidade social sem responsabilidade fiscal. Você tem que ter uma gestão eficiente, tem que combater a corrupção fortemente, para que o recurso sobre. Quando o governo não tem responsabilidade fiscal, o que acontece? O dólar sobe, a bolsa cai. Nós já vimos isso. O ministro Henrique Meirelles, que foi um bom ministro da Fazenda e um bom presidente do Banco Central, não colocou a proposta da emenda 95 porque ele é uma pessoa malvada, que queria prejudicar a área social. Era necessário. A gente lembra o que aconteceu como Brasil.

    Se estava tudo assim tão bem, por que o presidente Bolsonaro perdeu essa eleição? Muitas pessoas achavam que ele ia ganhar. Há muitos que acham que ele ganhou mesmo, né? Eu acho que quem perdeu foi o povo brasileiro. Não tenho dúvida. A gente estava numa ambiência de crescimento do Brasil, de esperança, e hoje o que nós vivemos? Não é mais aquela história da ‘esperança venceu o medo’ não. É ‘o medo venceu a esperança’. Era bolsa subindo, dólar caindo, aumento de emprego formal. Quando ele começou a estruturar a equipe, veio a pandemia. Mesmo assim, fez a reforma da Previdência, ia fazer a reforma tributária, a reforma administrativa, não dava para fazer isso no meio da pandemia. É um governo antistablishment. Pagou o preço por isso.

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