Relator da reforma tributária que marcou o fim da cobrança do imposto sindical, o senador eleito Rogério Marinho (PL-RN) criticou duramente a promessa do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de recriar um modelo de financiamento dos sindicatos. Para ele, o PT está, na verdade, empenhado em “recriar tropas de militantes bancadas com dinheiro do trabalhador”.
De fato, até 2017, quando o imposto foi extinto, dinheiro não era problema para os sindicatos. Eram cerca de 3 bilhões de reais recolhidos por ano dos trabalhadores com carteira assinada e utilizados para proporcionar a algumas lideranças sindicais uma vida cheia de luxos – pequenos ou grandes. Esse dinheiro também costumava ser usado para financiar manifestações políticas. Com a reforma, isso acabou. “A proposta de recriação do imposto sindical demonstra as reais preocupações do PT. O que os move contra a modernização das leis trabalhistas é unicamente a intenção de recriar suas tropas de militantes bancadas com o dinheiro do trabalhador”, afirmou o parlamentar a VEJA.
Depois da reforma, muitas dessas entidades foram obrigadas a se reinventar, demitindo funcionários e cortando despesas. Para se manter, elas tentavam convencer os filiados a contribuírem com uma taxa voluntária. Os sindicatos perderam 97% da arrecadação. “A reforma não tirou o direito do trabalhador lutar por condições melhores, mesmo por meio de greves. Agora, vimos um esvaziamento das mobilizações sindicais movidas por interesses político-partidários, houve uma depuração. As greves, quando ocorrem agora, são movidas por interesses dos trabalhadores e não mais por manobras e pressões de um partido”, completou.
Ainda na pré-campanha, em abril, Lula se reuniu com dirigentes da CUT para tratar desse assunto, ocasião em que disse que não descartava a possibilidade de implantar um mecanismo que permitisse aos sindicatos reconstruir um canal de arrecadação — uma nova taxa, que, de acordo com estimativa de economistas, pode render até 4 bilhões de reais por ano às entidades.