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PT deixa para trás a ilusão das mil prefeituras

Partido não definiu meta para as eleições municipais, nas quais espera crescer um pouco, o suficiente para poder dizer que não sofreu uma grande derrota

Por Daniel Pereira Atualizado em 30 set 2024, 07h24 - Publicado em 29 set 2024, 18h45

Em 2012, o PT estava no auge. Pupila de Lula, Dilma Rousseff exercia seu primeiro mandato presidencial e alimentava o sonho do partido de ficar pelo menos vinte anos consecutivos no poder. Nas eleições municipais daquele ano, a legenda conquistou 630 prefeituras, seu recorde histórico, incluindo São Paulo, com Fernando Haddad, hoje ministro da Fazenda.

Esse desempenho provocou euforia porque foi obtido nas urnas pouco depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciar o julgamento do mensalão, o esquema de compra de apoio parlamentar que funcionou no primeiro mandato de Lula. O desempenho também provocou uma ilusão: os petistas passaram a acreditar na possibilidade de, nos anos seguintes, conquistarem a marca de mil prefeituras, beneficiando-se da estrutura da máquina federal.

Não deu certo. Em 2016, após o impeachment de Dilma Rousseff e com a Operação Lava-Jato nas ruas, o PT elegeu apenas 256 prefeitos. Em 2020, um ano após Lula ser solto da prisão, a sigla se saiu ainda pior, ganhando a disputa em apenas 182 cidades. Pela primeira vez na história, não conquistou prefeitura de capital.

Redenção ou nova derrota?

Mesmo com a vitória de Lula na sucessão presidencial de 2022, os petistas não esperam figurar entre os partidos vitoriosos na campanha municipal deste ano. Eles têm a expectativa de crescer na comparação com o resultado pífio de 2020, mas sabem que dificilmente poderão cantar vitória. No Estado de São Paulo, por exemplo, o plano é saltar de quatro para 15 ou 20 prefeituras, de um total de mais de 600 municípios.

Há consenso de que o PT ficará no segundo pelotão da tabela municipal, atrás de concorrentes como o PSD de Gilberto Kassab e o PL de Jair Bolsonaro. Diante desse cenário, os petistas têm dito que a sigla não prioriza a eleição municipal, mas a próxima corrida ao Palácio do Planalto.  Para garantir apoio à reeleição de Lula, o PT abriu mão de disputar agora para favorecer possíveis aliados em 2026, como ocorreu no Rio de Janeiro, com o apoio ao prefeito Eduardo Paes (PSD), e em São Paulo, com a adesão à candidatura do deputado Guilherme Boulos (PSol).

Na eleição municipal de 2004, realizada no primeiro mandato de Lula, o PT registrou seu melhor desempenho até então e conquistou, apenas no primeiro turno, seis capitais. O tempo passou, e algumas ilusões ficaram para trás.

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