O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Franklimberg Ribeiro de Freitas, anunciou nesta terça, 11, que será exonerado do cargo. É a segunda vez que o general é demitido da função por pressão de ruralistas.
A primeira queda ocorreu durante o governo de Michel Temer, quando entrou em atrito com parlamentares que pretendiam alterar processos de demarcação de terras indígenas.
Franklimberg disse ao jornal O Estado de São Paulo que recebeu uma ligação do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, informando que sua exoneração será publicada nesta quarta-feira, 12, no Diário Oficial da União.
O general, que estava havia menos de cinco meses no cargo, passou a ser alvo de pressão de ruralistas liderados pelo secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura (Mapa), Luiz Antonio Nabhan Garcia.
Questionado sobre o assunto, o general disse que a fundação continua a ser alvo de interesses sem nenhuma relação com a causa indígena e que esses, mais uma vez, prevalecem no caminho da autarquia ligada ao Ministério da Justiça (MJ).
“A realidade é que, infelizmente, assessores do presidente da República que pensam quem conhecem a vida e a realidade dos povos indígenas têm assessorado muito mal o presidente da República”, disse Franklimberg.
Nabhan Garcia é amigo de longa data do presidente Jair Bolsonaro. Presidente licenciado da União Democrática Ruralista (UDR), passou a ser o principal articulador das mudanças na demarcação de terras indígenas e licenciamento ambiental envolvendo essas áreas. Ocorre que o governo não conseguiu manter a Funai debaixo de seu controle no Mapa e viu a Funai voltar para o MJ, após derrota no Congresso.
“A informação que recebi é que, na quinta-feira, quando a Funai volta para o Ministério da Justiça, já não estarei aqui. Há vetores externos sobre a Funai que, em seu histórico, sempre estão prevalecendo sobre as políticas indígenas”, disse o general. “Não fiz nada de errado. Procurei cumprir com todas as missões institucionais e as políticas do governo. Hoje o futuro da Funai é incerto. Não há como definir o amanhã.”
(Com Estadão Conteúdo)