Em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), a procuradoria Geral da República (PGR) pediu que o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) seja ouvido por declarações consideradas racistas. Em entrevista ao podcast 3 Irmãos, em junho, o parlamentar afirmou que a “democracia não prospera” na África por falta de capacidade cognitiva da população.
“Democracia não prospera na África. Para você ter uma democracia, você tem que ter o mínimo de capacidade cognitiva de entender entre o bom e o ruim, o certo e o errado. Tentaram fazer democracia na África várias vezes, mas o ditador tomou tudo. O Brasil está desse jeito. Lula chegou na Presidência e o povo burro: picanha e cerveja”, disse Gayer.
A vice-procuradora geral da República, Lindôra Araújo, reconheceu a necessidade de diligências preliminares para apurar o caso e pediu que o YouTube preserve o vídeo para auxiliar a Polícia Federal. “Como se sabe, a formalização de investigação demanda um suporte mínimo de justa causa, que se refere à verossimilhança dos fatos supostamente ilícitos apontados e à probabilidade de que haja meios eficazes de apuração”, diz um trecho do documento.
A manifestação ocorreu em duas ações protocoladas pelas deputadas Duda Salabert (PSOL-MG), Carol Dartora (PT-PR), Tabata Amaral (PSB-SP), Reginete Bispo (PT-RS), Camila Jara (PT-MS) e Dandara Castro (PT-MG), que pedem que o Gayer seja investigado por racismo.
Bolsonarista, o deputado foi alvo de pedido de cassação no Conselho de Ética da Câmara, em setembro, por dizer que nordestinos “perderam a capacidade de pensar”. Ele também foi listado pelo Google, em documento enviado à CPI da Pandemia, como o segundo que mais ganhou dinheiro com a divulgação de desinformação relacionada à Covid-19. Durante as eleições, ele teve a conta suspensa no X (antigo Twitter) pela Justiça Eleitoral por uma publicação que colocava em dúvida a lisura do sistema de votação do país e a eleição de Lula.