A Polícia Federal (PF) cumpre na manhã desta quinta-feira mandado de busca e apreensão no apartamento do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), em Brasília, como parte de investigação conduzida pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Também são realizadas diligências em endereços no Mato Grosso e em São Paulo.
Ao todo, agentes fizeram buscas em 65 endereços. Segundo a PF, participam da ação 270 pessoas, entre policiais federais e membros do Ministério Público Federal (MPF), nas cidades de Cuiabá, Rondonópolis (MT), Primavera do Leste (MT), Araputanga (MT), Pontes e Lacerda (MT), Tangará da Serra (MT), Juara (MT), Sorriso (MT), Sinop (MT), Brasília (DF) e São Paulo (SP).
Maggi é alvo de um inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de liderar uma organização criminosa responsável por um esquema de corrupção e desvio de recursos públicos nos dois mandatos em que esteve à frente do governo de Mato Grosso (2003-2010). As apurações têm como base a delação premiada feita por Silval Barbosa, também ex-governador do estado, que foi vice de Maggi entre 2007 e 2010.
O pedido de busca e apreensão no endereço do ministro foi apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e autorizado pelo ministro do STF Luiz Fux. O magistrado também autorizou outras ações de busca e apreensão no âmbito da mesma investigação.
Em sua colaboração premiada, que foi homologada por Fux, o ex-governador Silval Barbosa declarou que houve uma série de irregularidades envolvendo Maggi, incluindo uma espécie de “mensalinho” pago a deputados da Assembleia Estadual de Mato Grosso, a fim de garantir apoio político para a votação de projetos do interesse do então governador.
Barbosa afirmou ter intermediado repasse de 4 milhões de reais, a pedido de Maggi e do ex-prefeito de Cuiabá Mauro Mendes, ao deputado federal Carlos Bezerra, em 2008, com a finalidade de comprar apoio do PMDB nas eleições municipais. À época, segundo Barbosa, o partido teria declarado apoio ao adversário do aliado de Blairo.
A delação também menciona que houve, em 2010, um acordo para que Barbosa disputasse o governo estadual, enquanto Maggi disputaria uma das cadeiras do Senado destinadas ao Mato Grosso. Para tanto, era preciso que Barbosa assumisse dívidas de campanha para ter o apoio de Maggi, o que, segundo o delator, teria ocorrido.
O Ministério da Agricultura ainda não respondeu de imediato a um pedido de comentário. Em nota divulgada após a abertura do inquérito, no mês passado, Maggi afirmou que lhe causou “estranheza e indignação” que acordos de colaboração premiada “coloquem em dúvida a credibilidade e a imagem de figuras públicas que tenham exercido com retidão cargos na administração pública”.
Defesa
Maggi emitiu uma nota para se defender das acusações. Confira abaixo o posicionamento do ministro na íntegra:
“Sobre a Operação Malebolge realizada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (14), esclarecemos que:
1. Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de Governo ou para obstruir a justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja “mudanças de versões” em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade.
2. Ratifico ainda que não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato, conforme aponta de forma mentirosa o ex-governador Silval Barbosa em sua delação.
3. Jamais utilizei de meios ilícitos na minha vida pública ou nas minhas empresas. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e como governador, pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional.
4. Por fim, ressalto que respeito o papel da Justiça no cumprimento do seu dever de investigação, mas deixo claro que usarei de todos os meios legais necessários para me defender e restabelecer a verdade dos fatos.”
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)