Uma resolução divulgada pelo PCdoB sobre como o partido vai utilizar o Fundo Eleitoral deu mais um sinal de que a pré-candidatura de Manuela D’Ávila à Presidência da República pode ser retirada nos próximos dias: a postulação nacional dos comunistas não é citada no documento, que define como “prioridade”, apenas, a candidatura do governador Flávio Dino (PCdoB) a um novo mandato no Maranhão.
“Apoio às campanhas majoritárias do PCdoB, com prioridade para o Governo do Estado do Maranhão”, diz o primeiro item do documento, disponibilizado no site oficial da legenda e que elenca outras destinações para o recurso, sem nenhuma referência específica à disputa presidencial. Internamente, o PCdoB trata a candidatura de Dino à reeleição como “consolidada”, o que não se pode dizer da pré-candidatura presidencial.
Apesar de ignorar a disputa nacional, há menção especial para uma questão importante para o partido em 2018 e que joga contra a candidatura de Manuela: a chamada “cláusula de desempenho”. Também conhecida como cláusula de barreira, a regra fecha as torneiras do Fundo Partidário para aquelas legendas que não atingirem um mínimo de votos nas eleições para deputado federal.
Em 2018, serão necessários 1,5% dos votos em todo o país com, no mínimo, 1% em nove estados ou então eleger nove deputados. Hoje, o PCdoB tem apenas dez parlamentares na Câmara. Nesse contexto, a pré-candidatura de Manuela pode ser um problema para a direção do partido, uma vez que, sem o financiamento privado de pessoas jurídicas, recursos partidários serão a principal fonte de financiamento das campanhas neste ano.
Se investir na disputa presidencial, na qual a deputada aparece com 1% ou 2% nas intenções de voto, o partido vai ter que necessariamente diminuir os repasses para os postulantes ao Legislativo. Em 2018, os comunistas receberão pouco mais de 14 milhões de reais da Justiça Eleitoral.
‘Já no primeiro turno’
No domingo, os comunistas divulgaram uma nota em que conclamaram quatro partidos de esquerda, PT, PDT, PSOL e PSB, a se unirem ao PCdoB em uma única chapa para a sucessão ao Palácio do Planalto “já no primeiro turno”. O que mantém Manuela D’Ávila na disputa até o momento, e que pode levar o partido a confirmá-la na convenção do próximo dia 1º, é a falta de perspectiva de que um dos dois principais projetos da esquerda – o do PT e o de Ciro Gomes (PDT) – possa dar o braço a torcer pelo outro.
Diante de um assédio constante de ambos os lados, o PCdoB não vê “sentido” em desistir de disputar se não for para um único palanque da esquerda, mesmo que isso signifique manter a gaúcha na disputa para marcar a posição. A lógica do partido é “ou vamos com todos, ou não vamos com ninguém”. Considerando que as chances do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguir ser candidato são “mínimas”, o caminho natural, avaliam os comunistas, seria “um gesto” do PT de se unir a Ciro e evitar a fragmentação dos partidos. Os petistas não deram, no entanto, nenhum sinal de estarem dispostos a essa solução até o momento.