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Para Queiroz, a casa caiu em 2020

O ex-policial militar foi preso no dia 18 de junho, em Atibaia, no interior de São Paulo, acusado pelo MP no escândalo da “rachadinha”

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h37 - Publicado em 24 dez 2020, 06h00
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  • O presidente da República ainda nem havia tomado posse, em 2018, e um fantasma já assombrava o futuro governo. Em 2020, o fantasma continuou assombrando — e se materializou. O ex-policial militar Fabrício Queiroz foi preso no dia 18 de junho, em Atibaia, no interior de São Paulo. Ele é acusado pelo Ministério Público de operar um esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Segundo os promotores, o ex-PM recolhia parte dos salários dos funcionários e repassava ao parlamentar. Entre 2007 e 2018, o mecanismo arrecadou 4,2 milhões de reais, supostamente usados para pagar despesas pessoais do filho Zero Um do presidente e para multiplicar o patrimônio da família. As investigações também revelaram transferências do ex-PM e de sua esposa, Márcia, para a conta bancária da primeira-dama Michelle Bolsonaro. Foram ao menos 27 cheques no valor total de 89 000 reais depositados entre 2011 e 2016. Esses repasses, de acordo o presidente da República, seriam referentes ao pagamento de um empréstimo.

    Fabrício Queiroz viveu os últimos dois anos praticamente na clandestinidade. O ex-policial mudou-se do Rio de Janeiro para São Paulo, onde tratou de um câncer no intestino. Para não ser reconhecido, apresentava-se com o nome de “Felipe” e usava disfarces quando saía às ruas. Amigo do presidente da República há mais de duas décadas, Queiroz teve a prisão decretada, segundo o Ministério Público, porque estaria manipulando provas, constrangendo e ameaçando testemunhas. Na época, quase ninguém sabia o paradeiro dele. Os investigadores o localizaram escondido numa casa que pertence a Frederick Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro. Em entrevista a VEJA, Wassef disse que deu abrigo a Queiroz “por questões humanitárias”. Com a prisão do ex-PM e também da mulher dele, o Ministério Público acreditava na possibilidade de conseguir um acordo de delação premiada. Queiroz, porém, manteve o silêncio que se impôs desde que o escândalo foi revelado. Em novembro, Flávio e seu ex-assessor foram denunciados à Justiça por crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Indagado sobre o caso, o presidente Bolsonaro foi lacônico: “Isso não é assunto do governo”.

    Publicado em VEJA de 30 de dezembro de 2020, edição nº 2719

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