Deputados da base aliada do presidente Michel Temer (PMDB) dizem que o peemedebista deverá ter “entre 260 e 270 votos” nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados, quando o plenário vota a admissibilidade da segunda denúncia criminal contra ele. Temer recebeu treze deputados e três ministros durante jantar no Palácio da Alvorada, em Brasília, para fazer um prognóstico detalhado, partido por partido, do apoio ao governo. Para garantir a rejeição da denúncia, o presidente precisa de que apenas 172 votem contra a denúncia ou não compareçam.
“Nós deveremos ter entre 260 e 270 votos pelo arquivamento da denúncia. Todo esse grupo que esteve com o presidente fez uma reanálise de todos os partidos. Já tivemos uma votação expressiva de 263 e mais três deputados que declararam seu voto no microfone e não no painel”, disse após o jantar o deputado Beto Mansur (PRB-SP), contador informal de votos do Palácio do Planalto.
O vice-líder do governo cobrou fidelidade da base governista, mas disse que possíveis retaliações de infiéis são tema para depois da votação. Segundo ele, muitos parlamentares na base votam contra e o Planalto deve privilegiar quem vota pró-Temer. Ele admitiu que a liberação de emendas parlamentares ajuda o governo a conseguir votos e que ainda há alguns deputados insatisfeitos com promessas não cumpridas.
“Essa será possivelmente a última chance de parlamentares que se dizem aliados e partidos que se dizem alinhados de estarem na base do governo”, disse Mansur. “Esse é um momento importante para a gente definir a base. Se tivermos uma votação expressiva, é lógico que vai refletir em votações futuras como reforma tributária e reforma da Previdência. Quem estiver conosco estará, quem não estiver conosco vai estar fora do governo.”
Na primeira denúncia, quando o crime em questão era corrupção passiva, Temer obteve 263 votos a seu favor e contra o seguimento da acusação – 227 foram desfavoráveis ao presidente. O resultado da votação de quarta-feira será, segundo partidários de Temer, um espelho da base de sustentação e governabilidade do peemedebista.
O líder do governo no Congresso, deputado André Moura (PSC-SE), disse que os decretos e portarias assinados por Temer nas últimas semanas – que agradaram à bancada ruralista – não têm vinculação com a votação da denúncia. “Isso não é estratégia para a votação”, afirmou. “O que nós ouvimos de todos os líderes da base é que podemos ter uma votação ainda melhor do que na primeira denúncia. A base está consciente do papel de responsabilidade que tem com o país. Os deputados estão unidos em torno da rejeição”, disse André Moura.
Participaram da reunião os ministros Eliseu Padilha (PMDB/Casa Civil), Antonio Imbassahy (PSDB/Governo) e Osmar Terra (PMDB/Desenvolvimento Social). Entre os deputados, estavam os líderes do PMDB, Baleia Rossi (SP), do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE), do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), da maioria na Câmara, Lelo Coimbra (PMDB-ES) e do DEM, Efraim Filho (PB). Além destes, compareceram os parlamentares Pauderney Avelino (DEM-AM), Fábio Faria (PSD-RN), Carlos Marun (PMDB-MS), Arthur Lira (PP-AL), Beto Mansur (PRB-SP), Nilson Capixaba (PTB-RO), Evandro Roman (PSD-PR) e Darcísio Perondi (PMDB-RS).