O economista Paulo Rabello de Castro, que presidiu o BNDES entre junho de 2017 e abril de 2018, durante o governo de Michel Temer (MDB), soltou o verbo ao comentar a demissão de Joaquim Levy da presidência do banco estatal de fomento: “Ou eu sou um idiota completo, ou não existe caixa-preta alguma lá dentro”, referindo-se a uma das alegações do presidente Jair Bolsonaro para justificar sua insatisfação com Levy. No domingo 16, Bolsonaro declarou que Levy ainda não havia aberto a caixa-preta da instituição, ou seja, não conseguiu revelar as supostas irregularidades praticadas durante governos petistas.
Castro disse ainda que considera uma “ofensa pessoal” o fato de o presidente da República afirmar – e o ministro Paulo Guedes (Economia) não contestar – que irregularidades foram cometidas dentro do banco e que elas permanecem escondidas mesmo depois de sua passagem pela instituição. Segundo Castro, caixa-preta, no sentido utilizado por Bolsonaro, é uma organização criminosa criada para dilapidar uma empresa, uma instituição. “Isso aconteceu na Petrobras, é fato confessado, provado. No BNDES, não. Eu dei continuidade a todas as investigações iniciadas pela Maria Silvia [Bastos Marques]”, disse. Maria Silvia, que antecedeu Castro, também foi nomeada por Temer.
Indagado se Bolsonaro não poderia imaginar que as supostas irregularidades cometidas no BNDES nas administrações petistas tivessem sido acobertadas pelo governo Temer, Castro fez uma sugestão a Bolsonaro: “Em vez de nomear outro presidente, ele deveria decretar uma intervenção no banco, chamar todos os auditores, os mais cascas-grossas que encontrar, e tirar a história a limpo”.