Os candidatos que guardam dinheiro debaixo do colchão
Acusado de integrar esquema de exploração ilegal de minério lidera lista dos postulantes a um cargo político que cultivam um estranho hábito
Investigado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de dar apoio à exploração ilegal de minérios em terras indígenas, o empresário Rodrigo Cataratas (PL-RR) pretende disputar uma vaga a deputado federal por Roraima nas eleições deste ano. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cataratas é o candidato que declarou o maior montante de dinheiro em espécie em sua declaração patrimonial à Justiça para o pleito de 2022. São mais de R$ 4,5 milhões.
Ao todo, o candidato do PL declarou à Justiça Eleitoral um patrimônio total avaliado em R$ 33,5 milhões. Na lista de bens, Cataratas diz ser proprietário de 10 aeronaves (R$ 23,3 milhões) e 11 veículos automotores (R$ 1,6 milhão).
Investigação da Polícia Federal aponta o envolvimento de Cataratas com uma quadrilha acusada de extrair e comercializar minérios localizados em uma área Yanomami. A PF aponta ainda que há ocultação de lucros obtidos a partir desse comércio. Suspeita-se que o grupo envia o dinheiro para o exterior por meio de operações ilegais de câmbio.
O candidato que é dono do segundo maior montante de dinheiro vivo, de acordo com o TSE, é Marcelo Nassif Simão (PP), postulante à reeleição a deputado estadual pelo Rio de Janeiro. O advogado informou à Justiça Eleitoral ter posse de R$ 4,28 milhões em espécie. O valor representa mais de 38% de seu patrimônio, avaliado em R$ 11,1 milhões. Afora o dinheiro, Simão possui ainda 4 lojas, participações societárias, três apartamentos e duas casas.
Em seguida, aparece o nome de Sérgio Murilo (Podemos), candidato a suplente de senador na chapa de Henrique Mandetta (União Brasil) no Mato Grosso do Sul. Murilo, que é empresário no estado, declarou à Justiça uma fortuna ser dono de uma fortuna de 43,6 milhões de reais, sendo 4 milhões em dinheiro em espécie. O restante está dividido entre participações societárias e em outros bens móveis e imóveis.
Há ainda candidatos que declararam a posse de valores polpudos – e em espécie – de moedas estrangeiras. É o caso de Ailson Souto da Trindade (PP), candidato a deputado estadual pelo Pará. Trindade, que é empresário, informou ao TSE ser dono de R$ 39 milhões em dinheiro de outros países, o maior valor declarado até aqui nessa rubrica.
Até o momento, os candidatos que pretendem disputar as eleições deste ano declararam a posse de 45 milhões em dinheiro vivo. A manutenção de grandes quantias em espécie é uma estratégia usada por alguns criminosos para lavar dinheiro e driblar a fiscalização da Receita Federal.