A oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) no Senado conta os votos para barrar a indicação do filho mais novo do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ao posto de embaixador nos Estados Unidos. Nas cálculos do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição na casa, seu grupo tem, hoje, os 41 votos suficientes para impedir a nomeação.
Randolfe, entretanto, reconhece que a atuação do Palácio do Planalto pode mudar o cenário e avalia que o fato de o voto ser secreto beneficia o plano de Bolsonaro de emplacar seu filho no principal posto da diplomacia brasileira no exterior. Para evitar isso, ele planeja fazer com que os senadores que votarem contra anunciem seus votos — uma forma de constranger aqueles parlamentares que ficarem em silêncio.
“O Senado deve cumprir seu papel e não passar por este constrangimento. Seria muito desgastante e vergonhoso para a instituição aprovar o filho do presidente para um dos principais postos da diplomacia. O senhor Eduardo Bolsonaro não é da carreira do Itamaraty e não tem condições técnicas nem atributos para o cargo”, afirma Rodrigues.
O senador Angelo Coronel (PSD-BA) afirma que Bolsonaro menospreza os diplomatas de carreira ao indicar seu filho para o posto em Washington (EUA). “Ser filho do presidente, falar inglês, fazer hambúrguer e ser amigo da família Trump não são predicados pra assumir importante cargo em detrimento de outros nomes de carreira, gabaritados. Ele terá que mostrar o seu currículo e sua capacidade para sua indicação ser aprovada. Está parecendo capricho do pai querendo agradar o filho”, avalia.
O presidente Jair Bolsonaro disse que, da parte dele, “está definido” que seu filho será indicado para assumir a embaixada do Brasil na capital americana. A possibilidade vem gerando reações negativas até mesmo dentro da base aliada e entre os bolsonaristas nas redes sociais. A indicação ainda não foi oficializada, mas Bolsonaro afirmou já ter conversado com presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
Randolfe Rodrigues também afirma que, assim que a mensagem presidencial chegar ao Senado para oficializar a indicação, seu partido, a Rede, entrará com uma ação no Supremo para tentar impedir que a análise seja feita, inviabilizando a nomeação desde o início. O processo deve se basear no entendimento da corte que veda o nepotismo e nos princípios da moralidade e da impessoalidade na administração pública, previstos no artigo 37 da Constituição.