Já investigada pela Polícia Federal (PF), a empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, que pertencia a Jair Renan, filho Zero Quatro do ex-presidente Jair Bolsonaro, passou a ter um novo dono neste ano. Trata-se de Marcos Aurélio Rodrigues dos Santos, proprietário de um clube de tiro de Brasília. Ele assumiu o controle da sociedade no dia 17 de março, segundo documentos da Junta Comercial do Distrito Federal.
Marco Aurélio também é dono da 357 Cursos e Treinamentos Táticos – Armas, Munições e Acessórios, sediada em Brasília. Dentre suas atividades estão o comércio de artigos esportivos, de vestuários, calçados e ainda de armas e munições. Nesse clube de tiro trabalhava Maciel Carvalho, instrutor que chegou a ser preso em janeiro deste ano em uma operação da Polícia Civil do DF, sob suspeita de cometer crimes de posse, porte e comércio ilegal de armas. No dia da prisão, a polícia apreendeu 15 pistolas, dois rifles e 200 projéteis de munição no endereço dele em Águas Claras.
Os negócios de Jair Renan ganharam as páginas do noticiário e viraram caso de polícia após reportagem publicada por VEJA apontar que o filho do então presidente teria conseguido agendar reuniões de patrocinadores de sua empresa com integrantes da Presidência da República.
Em setembro de 2020, Jair Renan foi ao Espírito Santo em busca de parcerias para montar a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia. Uma delas foi com uma fornecedora de granitos e mármores, que tinha interesse em levar projetos a Brasília. Duas semanas depois, o filho de Bolsonaro abriu sua companhia com a ajuda desses patrocinadores capixabas. A PF arquivou a investigação e disse não ter identificado nenhum crime.
Em nota, o assessor jurídico da 357 Armas e Acessórios, o advogado Bernardo Clarkson, informou que a transferência da sociedade da antiga empresa de Jair Renan foi uma “doação”. A relação entre o Zero Quatro e Marcos Aurélio é, afirma o advogado, apenas profissional. Diz ainda que o filho do ex-presidente era aluno da 357.
“Não houve compra e venda. Houve transferência, uma vez que seria dado baixa. A empresa foi doada. Serão alteradas tanto a razão social, quanto a atividade econômica”, escreveu no texto. Clarkson comunicou também que a transferência aconteceu em regime de “urgência” e, por isso, não teria havido tempo suficiente para alterar outros dados da companhia, como o antigo nome. “Os planos futuros para a empresa serão revelados em momento oportuno”, pontuou.
Advogado de Jair Renan, Frederick Wassef diz que o filho do presidente foi alvo de perseguição. “Jair Renan Bolsonaro foi vítima de uma campanha nacional de fake news, de mentiras, calúnia e difamação. Todos os fatos imputados a ele e alegados sobre ele se mostraram falsos. Após a longa e profunda investigação da PF, o inquérito foi arquivado. Nenhuma irregularidade ou ilicitude foi demonstrada. Ao contrário: foi provado que todas as alegações sobre ele, sobre sua empresa, eram falsas. Jair Renan é um jovem de nome limpo, que não responde a nada e não existe nada em seu desfavor”, afirmou.