Os candidatos a prefeito do Rio Janeiro, Martha Rocha (PDT) e Eduardo Paes (DEM), são, até o momento, os que mais receberam dinheiro de campanha. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a deputada estadual e ex-chefe da Polícia Civil contabilizou R$ 4 milhões. O dinheiro foi depositado pela direção nacional de seu partido por meio do Fundo Eleitoral. Já o ex-prefeito conseguiu R$ 3,41 milhões também da verba do Tesouro Nacional transferida para sua legenda. Paes está consolidado em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de votos. Martha, por sua vez, está em terceiro lugar, mas tecnicamente empatada com o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), o segundo colocado, e a deputada federal Benedita da Silva (PT), a quarta na disputa.
Desde 2018, empresas estão proibidas de fazer doações para as campanhas dos candidatos. A saída encontrada pelos políticos foi definir novas regras para o financiamento da propaganda eleitoral. Após muita polêmica, a Câmara dos Deputados e o Senado aprovaram a criação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o chamado Fundo Eleitoral, que soma R$ 1,716 bilhão de recursos públicos. Além desse fundo, as legendas apostam em doações de pessoas físicas e vaquinhas virtuais para aumentar o montante de recursos.
Martha Rocha, no entanto, ainda não apresentou as suas despesas ao TSE. O prazo para a prestação de contas parcial é até o próximo dia 25. Réu sob acusação de caixa dois na campanha eleitoral de 2012, Eduardo Paes usou 77% do dinheiro para pagar a agência de publicidade Rio 2020 Publicidade Ltda., ou seja, R$ 1,91 milhão, a maioria usada para bancar pesquisas e testes eleitorais. Com sede em Jacarepaguá, na Zona Oeste, a empresa foi aberta no dia 5 deste mês – oito dias depois do início da campanha, em 27 de setembro. O dono é Raul Guedes Rabelo, um dos sócios da Leiaute Comunicação e Propaganda, que tem como clientes o governo da Bahia.
O deputado federal Luiz Lima (PSL) conseguiu R$ 2,6 milhões do Fundo Eleitoral. Em seguida, aparece Benedita da Silva, com R$ 1,96 milhão repassados pelo PT e também oriundos do mesmo fundo. Os dois parlamentares, porém, não prestaram contas das despesas. Crivella recebeu até agora 1,67 milhão do Republicanos e de Ailton Cardoso da Silva, secretário especial da prefeitura. Ailton, que doou R$ 20 mil para o seu chefe no último dia 13, apareceu como um dos administradores do grupo “Guardiões do Crivella”, esquema montado com funcionários contratados pelo município para atacar jornalistas, pacientes e parentes que reclamam do atendimento da saúde.
Entre os 14 candidatos a prefeito do Rio de Janeiro, Fred Luz (NOVO), ex-CEO do Flamengo, está apenas em décimo, com R$ 661,5 mil recebidos. Mas foi Fred Luz quem recebeu as maiores doações de pessoas físicas. Uma delas de R$ 100 mil registrada em nome Luís Antônio Nabuco de Almeida Braga, filho e herdeiro do banqueiro Antônio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha.
Outros R$ 100 mil recebidos por Fred Luz foram repassados pelo empresário e enófilo Célio Pinto de Almeida. Segundo o Ministério Público Federal, na Operação Ratatouille, Célio fazia parte da chamada “Confraria do Vinho”. A ação teve como alvo, em 2017, o empresário Marco Antônio de Luca. De acordo com os procuradores, o grupo, que se reunia para degustar a bebida, tinham, entre outros, o ex-governador Sérgio Cabral, preso na Lava-Jato, e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), denunciado pela Procuradoria-Geral da República por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
Quanto cada um recebeu até agora:
Martha Rocha (PDT): R$ 4 milhões
Eduardo Paes (DEM): R$ 3,4 milhões
Luiz Lima (PSL): R$ 2,6 milhões
Benedita da Silva (PT): R$ 1,9 milhão
Marcelo Crivella (Republicanos): R$ 1,6 milhão
Clarissa Garotinho (PROS): R$ 1,4 milhão
Eduardo Bandeira de Mello (Rede): R$ 1,060 milhão
Paulo Messina (MDB): R$ 1,022 milhão
Glória Heloíza (PSC): R$ 1 milhão
Fred Luz (NOVO): R$ 661,5 mil
Renata Souza (PSOL): R$ 505 mil
Suêd Haidar (PMB): R$ 300 mil
Cyro Garcia (PSTU): R$ 41,3 mil
Henrique Simonard (PCO): Não informou.