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‘Não soube me conter diante de tanto poder’, diz Cabral em depoimento

Ex-governador do Rio de Janeiro reconheceu 'promiscuidade' em doações de campanha, mas seguiu negando que tenha cobrado propina em contratos

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 8 jun 2018, 20h11 - Publicado em 8 jun 2018, 20h09
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  • O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), preso há um ano e meio e já condenado a mais de cem anos de prisão por liderar um esquema de corrupção, afirmou em depoimento nesta sexta-feira, 8, que movimentou cerca de 500 milhões de reais em doações eleitorais e que, desse dinheiro, usou aproximadamente 20 milhões de reais para gastos pessoais. “A promiscuidade (de doações) foi muito grande. Foi nessa promiscuidade que eu me perdi (…) que usei dinheiro de campanha para fins pessoais”, admitiu.

    O ex-governador admitiu a movimentação de dinheiro doado por empresários e não contabilizado. “Não soube me conter diante de tanto poder e tanta força política e, de uma maneira vaidosa, querer fazer prefeitos nas cidades, vereadores e deputados”, afirmou. “Era muito dinheiro sim. Em vez de ficar concentrado no meu governo, nas minhas realizações… o poder é algo tão perigoso”, concluiu.

    Embora admita uso pessoal de caixa dois, Cabral segue negando que tenha pedido a empresários algum porcentual de propina sobre qualquer contrato firmado com o governo durante sua gestão, entre 2007 e 2014. “Eu nunca pedi a um empresário que incluísse um porcentual qualquer em nenhuma obra ou serviço do meu governo. Garanto isso ao senhor, falo em nome dos meus filhos e do neto que conheci essa semana”, afirmou o ex-governador, dirigindo-se ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

    No processo em que foi interrogado, Sérgio Cabral é acusado de ocultar e lavar dinheiro no exterior. Também respondem a esse processo o ex-secretário estadual Wilson Carlos e dois ex-assessores de Cabral, Carlos Miranda e Sérgio de Castro Oliveira, além dos doleiros Renato e Marcelo Chebar. Foram os doleiros que contaram, em colaboração premiada, ter movimento cerca de 500 milhões de reais do emedebista no exterior.

    O grupo é acusado pelo Ministério Público Federal de ocultar e lavar também outros 40 milhões de reais, mantidos no Brasil, e quase 10 milhões de reais gastos em joias. Sérgio Cabral já havia sido ouvido nesse processo, em fevereiro, mas à época estava preso em Curitiba e ficou em silêncio, como protesto por suposto cerceamento ao direito de defesa. O advogado do ex-governador, Rodrigo Roca, pediu a repetição do depoimento.

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